Revista (PDF) - Universidade do Minho

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cializando à medida que se multiplicam, vindo a tornar-se um factor
importante da civilização europeia. Mas este internacionalismo novo
distingue-se ainda pela sua força de resistência e de expansão, desconhecida
até então. O espírito nacional defronta-se assim perante um
novo antagonismo, fonte potente e propulsora do internacionalismo.
Daí que convirjam as posições de conhecidos autores: segundo
Jean Jaurès, Saint-Simon foi o primeiro pensador a falar num Parlamento
Europeu 37 . Émile Durkheim chama a atenção como Saint-
-Simon previu «um internacionalismo dum género inteiramente novo
– o internacionalismo profissional» –, porquanto «os sentimentos e
os interesses profissionais estão dotados duma muito maior universalidade»,
«menos variáveis de país a país para uma mesma categoria de
trabalhadores», muito diferentes duma profissão para a outra no interior
dum mesmo país», de modo que «o espírito nacional enfrenta
assim (…) as excepcionais condições favoráveis ao desenvolvimento do
internacionalismo» 38 . Também o Professor Hinsley descreve Da reorganização
como a proposta com maior alcance para a organização
federal da Europa, que alguma vez alguém já apresentou» 39 .
O Professor Ionescu declarou, em 1976, que ele «é muito mais avançado
e está mais inserido na moderna Europa industrial-tecnológica
do que estão, até ao momento, as instituições propostas pela Comunidade
Europeia» 40 .
c) O Parlamento europeu na «sociedade industrial»
DIACRÍTICA
Já se aproximou – como vimos – este Projecto do proposto pelo
Abade de Saint-Pierre; ora, Saint-Simon teve o cuidado em demarcá-lo
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37 Jean Jaurès, «La doctrine saint-simonienne et le socialisme», La Révue Socialiste,
Agosto 1903, p. 146. Cf. Swedberg, 154.
Sobre Saint-Simon e a Europa, cf. André Marchal, «Saint-Simon et l’organisation
européenne», Mélanges économiques [dediés à M. le Professeur René Gonnard], Paris,
Librairie Générale de Droit et de Jurisprudence, 1946, pp. 231-237. Richard Swedberg,
«Saint-Simon’s vision of a united Europe», Archives Européennes de Sociologie, op. cit.,
pp. 145-167. João Rosas, «Saint-Simon e a constituição da Europa», Constituição da
Europa, Constituições da Europa, Assembleia da República, Lisboa, 1992, pp. 281-290.
Charles-Olivier Carbonnel, L’Europe de Saint-Simon, Paris, Privat, 2001.
38 Émile Durkheim, Le socialisme, op. cit., pp. 201-202.
39 F.H. Hinsley, Power and the pursuit of peace, Cambridge University Press, 1967,
p. 102.
40 G. Ionescu (ed.), The political thouhgt of Saint-Simon, Oxford University Press,
1976, p. 47.