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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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154<br />

DIACRÍTICA<br />

ções 45 . E, perspectivan<strong>do</strong> a questão em termos de efeitos, concluirá<br />

sobre a consequente inevitabilidade da exígua produção da intelectualidade<br />

portuguesa. Numa mistura de pesar e crítica aos exageros<br />

de certas narrações, sistematizará desta forma os quadros que previamente<br />

descrevera da nossa literatura, língua e filosofia: «Eis uma curta<br />

exposição <strong>do</strong> triste esta<strong>do</strong> das ciências no reino mais ignora<strong>do</strong> de<br />

to<strong>do</strong>s os países da Europa; mas por mais deplorável que possa ter<br />

si<strong>do</strong>, pergunto aos meus leitores se não tinham uma ideia ainda mais<br />

desvantajosa» 46 .<br />

Esta espécie de respeitosa salvaguarda, fazem-nos ter como bem<br />

mais duros e chãos outros autores como Ranque, Dalrymple e Bourgoing,<br />

etc. É certo que o último futurou bom agouro a alguns gabinetes<br />

de nobres, se neles se instalasse alguma ordem, e concedeu excepção<br />

de qualidade à Academia Real de História. No entanto, expressões<br />

como: povo ignorante, supersticioso, da<strong>do</strong> ao despotismo…, povoam<br />

os escritos <strong>do</strong>s três, sobre nós. E para que não subsistissem ilusões<br />

relativas a outras academias a que fomos dan<strong>do</strong> guarida, concordaram<br />

em que elas eram mais pomposas de nome que de substância.<br />

Não deixaremos de falar sobre o conheci<strong>do</strong> e conceitua<strong>do</strong> Ruders.<br />

À semelhança de Link, insurgir-se-á contra alguns exageros conti<strong>do</strong>s<br />

no Tableau de Lisbonne. Todavia, não iludirá, neste campo, a obcessão<br />

censória e persecutória de Manique nem os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sistema em<br />

geral, ao constatar que to<strong>do</strong>s os livros que por cá podiam ser impressos<br />

e postos à venda, eram apenas os que fomentavam a superstição.<br />

Não negava, de facto, a existência entre nós de alguns homens ilustra<strong>do</strong>s,<br />

mas reconheceria também que «…em número muito restrito<br />

relativamente a outros países» 47 .<br />

Foi também praticamente unânime a representação construída<br />

acerca da nossa universidade. Muitos se referirão ao seu atraso e descrédito.<br />

Mas neste ponto, como sabemos, não desvirtuaram as leituras críticas<br />

que da mesma fizeram os nossos mais representativos ilustra<strong>do</strong>s.<br />

Um <strong>do</strong>s aspectos que quase sempre aparece associa<strong>do</strong> à decadência<br />

das nossas letras e ao atraso cultural e civilizacional <strong>do</strong> povo e<br />

——————————<br />

45 LINK, M., Voyage en Portugal depuis 1797 jusqu’en 1799, 3 tomes. Paris, Chez<br />

Levrault, Schoell et C.gnie, Libraires, 1805, II: 289/290.<br />

46 LINK, op. cit., II: 212<br />

47 RUDERS, Israel Carl – Viagem em Portugal – 1798-1802. Trad. de Antonio Feijó,<br />

preparação e notas de Castelo Branco Chaves. Lisboa, Biblioteca Nacional, 1981, [1805-<br />

-1809]: 224 e 269.

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