04.07.2013 Views

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

232<br />

DIACRÍTICA<br />

to<strong>do</strong> cum certo vagar, nos caps. 9 a 12, ao versar sobre as «comunidades»<br />

políticas e <strong>do</strong>mésticas. Neste ponto, reaparecem as denominadas,<br />

em V/6, «justiça política» (1134a26) e «justiça <strong>do</strong>méstica (ou,<br />

etimologicamente, económica)» (1134b17).<br />

Agora, no que se refere à «justiça política», nom nos pararemos<br />

grande cousa. Mas, si nos imos deter na que antes chamávamos «justiça<br />

<strong>do</strong>méstica», que, toman<strong>do</strong> como eixo o home (amo, esposo, pai),<br />

inclui um feixe de relaçons (até de «justiças») específicas: cos escravos,<br />

coa mulher, cos filhos.<br />

De entrada, no cap. 10, Aristóteles compara os regimes políticos<br />

coas comunidades <strong>do</strong>mésticas 5 . Segun<strong>do</strong> ele, acharíamos «images e<br />

até modelos deles» na(s) comunidade(s) existente(s) «nas casas» (1160b<br />

22-23). Assi, parecem-se (e assimilam-se): primeiro, a realeza, coa<br />

«comunidade <strong>do</strong> pai para cos filhos» (1160b24), e a tirania, coa «<strong>do</strong><br />

amo para cos escravos» (1160b29); despois, a aristocrácia, coa comunidade<br />

«<strong>do</strong> home e a mulher» (1160b32), e a oligarquia, com esta<br />

mesma mas ou abusan<strong>do</strong> o home «contra os méritos» (1160b35) ou<br />

<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> a mulher «pola riqueza e a poténcia» (1161a3); por fim, a<br />

timocrácia (ou república), coa comunidade «<strong>do</strong>s irmáns» (1161a4), e a<br />

democrácia, coas casas sem amo ou nas que manda alguém débil. Esta<br />

última comparaçom nom tem, para nós, muito interesse: porque a<br />

«comunidade <strong>do</strong>s irmáns» é só um objecto secundário (propriamente,<br />

um assunto colateral) da justiça <strong>do</strong>méstica, que recai primária e<br />

essencialmente sobre as comunidades heril, matrimonial e filial. Lembremos,<br />

para caracterizar estas, os traços apostos aos «regimes» (realeza,<br />

aristocrácia, timocrácia) e às suas «desviaçons» (tirania, oligarquia,<br />

democrácia).<br />

Nesta tipologia política, o relevante é, primeiro, se o poder é exerci<strong>do</strong><br />

ou por um (1160b1) ou por alguns poucos (1160b15) ou pola<br />

multitude (1160b17); e, segun<strong>do</strong>, se é exerci<strong>do</strong>, em cada caso, ou<br />

miran<strong>do</strong> para «o próprio interesse» (1160b2) <strong>do</strong>/s governante/s, o que<br />

acontece nas desviaçons, ou atenden<strong>do</strong> «ao proveito» (1160b5) <strong>do</strong>s<br />

«governa<strong>do</strong>s» (1160b5-6), o que sucede nos regimes. O primeiro é, a<br />

estes efeitos, irrelevante, mas o segun<strong>do</strong> si que nos permite esboçar<br />

umha caracterizaçom das comunidades <strong>do</strong>mésticas, que continuamos<br />

achegan<strong>do</strong> um terceiro distintivo <strong>do</strong>s regimes políticos. Com efeito,<br />

neles, o accesso ao poder, «o governo» (1160b26), e assemade a legiti-<br />

——————————<br />

5 Sobre a casa e a cidade: F. Calabi, «I rapporti di potere» e «Specchi», La città<br />

dell’oikos. La politia di Aristotele, Maria Pacini Fazzi editore, Lucca, 1984, pp. 67-78 e<br />

pp. 79-92, respectivamente.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!