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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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168<br />

DIACRÍTICA<br />

tos concretos estruturantes da sua unidade histórica e moral.<br />

Intuía, então, a Europa como um sistema que une as potências<br />

por uma religião, um direito das gentes, costumes, letras,<br />

comércio etc. e por uma espécie de equilíbrio que era o efeito<br />

necessário de tu<strong>do</strong> isto. Este equilíbrio tornava-se, então, o<br />

regula<strong>do</strong>r natural no conjunto das nações. O princípio de um<br />

melhor governo tornava-se, desta forma, na ideia de uma<br />

melhor Europa, na base de uma felicidade geral das nações.<br />

Esta curta excursão tem objectivos de contextuação compreensiva.<br />

É que o pensamento de Almeida Garrett nesta matéria, como em<br />

várias outras, está cheio da presença de Rousseau, e é na leitura advertida,<br />

hábil e prospectiva deste literato e político que nos vamos concentrar<br />

agora, dan<strong>do</strong> primazia de pertinência à marcante obra Portugal<br />

na balança da Europa – Do que tem si<strong>do</strong> e <strong>do</strong> que ora lhe convém ser na<br />

nova ordem de coisas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> civiliza<strong>do</strong>.<br />

Duas circunstâncias importantes envolvem o tempo da edição <strong>do</strong><br />

Portugal na balança da Europa (1830): internamente, o absolutismo<br />

miguelista está no seu auge e executa uma extensíssima e brutal<br />

repressão contra os liberais; externamente, o man<strong>do</strong> europeu continuava<br />

a passar pela Santa Aliança. Entretanto, surge o glorioso Julho<br />

Francês que desferiu um profun<strong>do</strong> golpe naquela coligação, incendiou<br />

a Europa liberal e fez crer numa espécie de Santa Aliança <strong>do</strong>s Povos.<br />

No que nos diz respeito, esta revolução predispôs sentimentos e acções<br />

no senti<strong>do</strong> de reconquista da liberdade perdida. Este facto histórico<br />

acabou por se projectar de forma bem visível na obra em referência <strong>do</strong><br />

nosso autor, determinan<strong>do</strong> nela importantes alterações e acréscimos.<br />

Diga-se, entretanto, que ela constitui o terminus de uma longa maturação<br />

e de trabalhos anteriores que já continham os núcleos fundamentais,<br />

como eram alguns artigos <strong>do</strong>s jornais O Português e O Cronista,<br />

e sobretu<strong>do</strong> o ensaio Da Europa e da América 96 , publica<strong>do</strong><br />

no jornal londrino O Popular em 1826, se bem que possivelmente já<br />

escrito em 1824. A edição da obra definitiva é também de Londres, em<br />

situação de exílio. Percorramos alguns núcleos.<br />

——————————<br />

96 Da Europa e da América, in: GARRETT, A., Obra Política, Doutrinação da Sociedade<br />

Liberal (1824-1827), Obras Completas,Org. de Maria Helena Costa Dias, Lisboa,<br />

Editorial Estampa, 1991.

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