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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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146<br />

Na história nacional da construção, da conceptualização e <strong>do</strong> uso<br />

destas representações, ocupou lugar de singular importância o grande<br />

Almeida Garrett, ideólogo primeiro e mais sistemático da Regeneração<br />

portuguesa e, certamente, a figura mais marcante, assim o cremos e<br />

bem acompanha<strong>do</strong>s, da construção da nossa modernidade, num tempo<br />

que separou, para o futuro, o Portugal velho <strong>do</strong> Portugal novo 15 .<br />

A exímia e estratégica leitura que ele arquitectou é corpo de um <strong>do</strong>s<br />

ensaios políticos mais importantes, argutos e fecun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX<br />

português que, como o autor reconhece em desabafo autobiográfico,<br />

e nós admitimos, bastaria para fazer a reputação de um escritor, se<br />

escrito em língua mais vulgar e conhecida no mun<strong>do</strong>.<br />

A fórmula encontrada para título, patenteia a dimensão substantiva<br />

da obra – história e programa de correcção <strong>do</strong> rumo <strong>do</strong> país – e faz<br />

adivinhar uma estratégia: Portugal na Balança da Europa 16 <strong>do</strong> que tem<br />

si<strong>do</strong> e <strong>do</strong> que ora lhe convém ser na nova ordem de coisas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> civiliza<strong>do</strong><br />

(1830). Por isso, Garrett, sobretu<strong>do</strong> enquanto autor desta obra,<br />

será elemento fundamental <strong>do</strong> nosso estu<strong>do</strong>, já que aqui se cruza, num<br />

presente de tensão, o passa<strong>do</strong> com o futuro de Portugal, no horizonte<br />

de pertença à realidade de que é parte natural e de que foi elemento<br />

decisivo de construção: a Europa.<br />

*<br />

DIACRÍTICA<br />

Queremos realçar quatro notas atinentes ao percurso analítico<br />

que fizemos sobre o olhar impresso de forasteiros a nosso respeito:<br />

A primeira diz respeito ao processo heurístico. Surpreendeu-nos<br />

a quantidade de fontes que localizámos, muitas delas ausentes <strong>do</strong><br />

vasto e meritório registo há muito leva<strong>do</strong> a cabo por Manuel Bernardes<br />

——————————<br />

15 Almeida Garrett situa este momento na edificação <strong>do</strong> conjunto legislativo de<br />

Mousinho da Silveira (1832-1833) de que ele foi redactor e, de certa forma, co-autor. Joel<br />

Serrão não deixa também de considerar este feito como «o ponto mais alto da arrastada<br />

e sinuosa instauração <strong>do</strong> liberalismo em Portugal» (in Dicionário de História de Portugal,<br />

Porto, Livraria Figueirinhas, artigo «Mouzinho da Silveira»).<br />

16 Eis como Garrett se refere ao contexto e respectivo significa<strong>do</strong> desta expressão:<br />

«À volta <strong>do</strong> século XVI da nossa era os interesses reais ou imaginários (ou ambas as<br />

coisas) <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s príncipes os fizeram convir em certo equilíbrio político a que<br />

chamaram os estadistas «Balança da europa»; o qual, mais ou menos modifica<strong>do</strong>, se<br />

conservou ou pretendeu conservar até quase à época em que vamos». Portugal na<br />

Balança da Europa, Lisboa, Ed. Gleba – Livros Horizonte, s.d.: 32. Por conveniência<br />

prática, a partir de agora, as citações desta obra serão desta edição sob a sigla PBE.

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