04.07.2013 Views

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

PORTUGAL NA «BALANÇA DA EUROPA» 159<br />

digos são como formigas, sen<strong>do</strong> originários de situações e profissões<br />

variadas, como é o caso <strong>do</strong>s militares que, solda<strong>do</strong>s ou oficiais não<br />

se inibem a exercer muitas vezes violência, <strong>do</strong>s fidalgos, <strong>do</strong>s negros 66<br />

e <strong>do</strong>s padres que, como Ruders pessoalmente testemunhou 67 , chegam<br />

ao requinte de exercitarem a língua profissional, pedin<strong>do</strong> esmola<br />

em latim!<br />

Vários outros vectores mereceriam destaque, como a prostituição<br />

de rua, que incluiria mulheres casadas, potencia<strong>do</strong>ra de <strong>do</strong>enças bem<br />

incómodas; a praga <strong>do</strong>s cães pelas ruas da capital e a imundície geral<br />

com causas determinadas, como as que dão matéria às sobejamente<br />

conhecidas «água-vai».<br />

Que na Espanha não se estaria melhor, se levarmos em conta<br />

algumas opiniões, como a de Caraccioli 68 , que afirma serem cá os<br />

nobres menos ignorantes, ou a de Dumouriez 69 , que perspectivou para<br />

o nosso país uma saída deste atraso geral mais ce<strong>do</strong> <strong>do</strong> que os nossos<br />

vizinhos, dava algum alento, mas resolvia pouco a questão. Balbi, que<br />

também nos dá esse favorecimento relativamente aos espanhóis, e que<br />

conheceu bem e referiu algumas das fontes que temos vin<strong>do</strong> a utilizar,<br />

considerará mesmo que nenhum país como Portugal teve tão inexactas<br />

e falsas descrições sobre o seu esta<strong>do</strong>. E embora não assuma<br />

abertamente a contradição <strong>do</strong>s autores em causa – Bourgoing, J. B. F.<br />

Carrere, Murphy, Link, Ruders… – contorna a questão dizen<strong>do</strong> que<br />

na altura, 1822, estávamos mais avança<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que há quarenta anos.<br />

Apesar disso, não deixará de concordar que era deveras grande a<br />

nossa distância relativamente a outros países civiliza<strong>do</strong>s da Europa<br />

– França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Dinamarca, Suécia – quer na<br />

indústria, nas manufacturas, no comércio, na navegação, na agricultura,<br />

nos diferentes ramos de administração, quer nas ciências, nas<br />

artes e na cultura em geral 70 . São comprovativos os números que<br />

apresenta e as causas <strong>do</strong>s diferentes atrasos que subsistiam. Aponte-se,<br />

——————————<br />

66 Bourgoing dá muito realce a este estrato neste contexto e adianta a existência<br />

por Lisboa de 15.000 negros e mestiços.<br />

67 Ib.: 111.<br />

68 Op. cit.: 61<br />

69 Op. cit.: 170 e 214<br />

70<br />

BALBI, Adrien, Essai statistique sur le royaume de Portugal et d’Algarve comparé<br />

aux autres états de l’Europe, et suivi d’un coup d’oeil sur l’état actuel des sciences, des<br />

lettres et des beaux-arts parmi les portugais des deux hémisphères, 2 vols. Paris, Chez Rey<br />

et Gravier, Libraires, 1822,I: XIX.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!