Revista (PDF) - Universidade do Minho
Revista (PDF) - Universidade do Minho
Revista (PDF) - Universidade do Minho
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
118<br />
DIACRÍTICA<br />
sobre a vida social toda desde a economia até a cultura, acarretam uns<br />
efeitos bem lesivos, e tendencialmente letais, para os interesses, e até a<br />
mesma existéncia, económicos, sociais e culturais galegos. Pola<br />
contra, se estas travas desaparecessem, Galiza poderia tirar <strong>do</strong> seu<br />
mesmo atraso, aproveitan<strong>do</strong> as suas inusadas, malusadas e desusadas<br />
potencialidades naturais, um desenvolvimento económico integral,<br />
que hoje chamaríamos ecológico, aproximan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> que na altura é<br />
Dinamarca, o modelo que Castelao reiteradamente lhe assinala 44 .<br />
Mentres tanto, além disso, nessa situaçom de «dependéncia» intra-<br />
-estatal, e propriamente de subsisténcia infra-estatal, Galiza fica arredada<br />
de Europa. Mas, se olhamos para atrás, veremos que no passa<strong>do</strong><br />
si mantivo umha comunicaçom fluída e rica a través <strong>do</strong> caminho de<br />
Santiago 45 . Ora, nom podemos esquecer que Galiza, como bem lembra<br />
Castelao, foi entom um reino independente, e practicamente seguiu<br />
de facto sen<strong>do</strong>-o até a chegada <strong>do</strong>s Reis Católicos, sem ter a Castela<br />
entom – como a Espanha agora – interposta no caminho de Europa 46 .<br />
Em consecuéncia, se pensamos no futuro e imaginamos um novo<br />
caminho de Santiago, como é aponta<strong>do</strong> em Sempre en Galiza, este ham<br />
ser novas estradas e comboios directos à «fronteira pirenaica» 47 . Estas<br />
infraestruturas viárias, junto com os portos, deverám constituir a<br />
nossa ligaçom – ou seja, a de Galiza e os galegos – com Europa e o<br />
mun<strong>do</strong> 48 . Ora bem, esta transformaçom só pode ser a obra dum povo<br />
livre, agin<strong>do</strong> num quadro geral de liberdade. Por outras palavras, esta<br />
mudança, a re-ubicaçom de Galiza em Europa, supom e arrasta umha<br />
outra mudança: a modificaçom da posiçom de Galiza em Espanha.<br />
Em definitivo, desde esta perspectiva galeguista, Europa e Espanha<br />
som cenários semelhantes, em que cumpre desenvolver projectos<br />
políticos análogos, em quanto aos seus conti<strong>do</strong>s, e concatena<strong>do</strong>s, em<br />
quanto aos seus efeitos 49 .<br />
——————————<br />
44 O modelo de Dinamarca é reiteradamente assinala<strong>do</strong>: Sempre en Galiza,<br />
pp. 45-47, p. 130, p. 416. Tamém som, de passage, aponta<strong>do</strong>s alguns outros, como<br />
Holanda.<br />
45 Por exemplo, Sempre en Galiza, p. 224, p. 269, p. 376.<br />
46 «[…] o noso camiño estaba dentro da Hespaña e liga<strong>do</strong> â Europa. Ese era, nefeito,<br />
o camiño que viña cara nós dende Europa e que Hespaña desviou, obrigán<strong>do</strong>nos<br />
a seguila» (Sempre en Galiza, p. 224).<br />
47 Quer dizer: «unha nova vía de europeización, un novo camiño francés» (Sempre<br />
en Galiza, p. 418).<br />
48 Segun<strong>do</strong> ele, Galiza será «un peirán de Europa, unha antena <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>»<br />
(Sempre en Galiza, p. 253).<br />
49 O próprio Castelao propom essa equiparaçom (<strong>do</strong>s cenários) e essa concatenaçom<br />
(das acçons). Respectivamente, podem ver-se em: Sempre en Galiza, p. 302 e<br />
p. 325. Ambas questons som tamém tratadas em conjunto: Sempre en Galiza, pp. 213-218.