Revista (PDF) - Universidade do Minho
Revista (PDF) - Universidade do Minho
Revista (PDF) - Universidade do Minho
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
112<br />
das culturas portuguesa 18 e italiana. E, por outra parte, a cultura espanhola,<br />
fazen<strong>do</strong> algumha excepçom, é em geral rejeitada 19 .<br />
Tras nós<br />
DIACRÍTICA<br />
O próprio Risco, à hora de explicar a conversom <strong>do</strong>s «individualistas»<br />
que eles eram em «nacionalistas galegos», remete para o<br />
romance de Pedrayo Arre<strong>do</strong>r de si, publica<strong>do</strong> em 1930 20 . Ora, neste<br />
romance, e na evoluçom e mudança que experimenta o seu protagonista,<br />
joga um papel muito importante a cultura europea 21 .<br />
Em Arre<strong>do</strong>r de si, Pedrayo conta as peripécias, num momento decisivo<br />
da sua vida, de Adrián Solovio, um herdeiro camponés que possui<br />
um pequeno paço numha aldea nas proximidades de Ourense e é aspirante<br />
a professor de filosofia de liceu. Despois de ter cursa<strong>do</strong> os seus<br />
estu<strong>do</strong>s universitários em Madrid, ele regressara ao paço familiar onde<br />
levou umha vida vagarosa de leitura (muita) e meditaçom (pouca) 22 ,<br />
e agora na primavera de 1928, bem passa<strong>do</strong>s ja os seus trinta anos,<br />
volve a Madrid, para preparar e realizar as provas necessárias para<br />
obter o posto de professor de ensino secundário. Adrián, que nom<br />
chegará a realizar, nem mesmo preparar, esses exames, permanecerá<br />
em Madrid, desde onde fará um par de curtas viages, umha a Burgos<br />
e outra a Tole<strong>do</strong>, até junho, em que visita a aldea ourensana devi<strong>do</strong> à<br />
grave enfermidade e iminente falecimento dum seu tio, crego «crip-<br />
——————————<br />
18 Da cultura portuguesa, Risco cita: Eça e Ramalho, para caracterizar o seu<br />
próprio grupo como «os auténticos venci<strong>do</strong>s da vida. Moito mais venci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que Eça<br />
e que Ramalho» (Nós, p. 115); e despois, entre as suas leituras, «Eça de Queiroz, Lopes<br />
Vieira, e principalmente Eugenio de Castro» (Nós, p. 116).<br />
19 Risco rechaza explicitamente o espanholismo (e o castelanismo), sob a forma<br />
de «patriotismo» e «casticismo» (Nós, p. 118), e até o espanhol e castelám: «Non<br />
sentiamo-lo hespañol, e se a respeito da Europa eramos orientalistas, respeito da<br />
Hespaña eramos europeistas. E cand’outros escritores modernistas, que nós coidabamos<br />
que dicían conosco, emprincipiaron os cantos a Castela e â vella España, foron por nós<br />
condana<strong>do</strong>s ao esquecemento e ao disprecio» (Nós, p. 119).<br />
20 Ramón Otero Pedrayo, Arre<strong>do</strong>r de si, Nós, A Corunha, 1930. Publica<strong>do</strong> por<br />
Galaxia, desde a 2.ª (Vigo, 1970), atingiu em 1998 a 10.ª ediçom. Citaremos pola original.<br />
21 Mais polo miú<strong>do</strong>, trato o tema em «Arre<strong>do</strong>r de si ao fio de Europa», in J. L.<br />
Barreiro & L. G. Soto (eds.), Europa: mito e razón, <strong>Universidade</strong> de Santiago de Compostela,<br />
Santiago, 2001, pp. 89-110.<br />
22 «Algunha ves quixo vivir n’ela [na aldea] c’o esprito posto na Europa. Libros.<br />
<strong>Revista</strong>s. Fôra, indefrente a tod’a novidade <strong>do</strong> artigo ou <strong>do</strong> libro, debruzábase un longo<br />
sôlpor d’outoniza» (Arre<strong>do</strong>r de si, p. 12).