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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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PORTUGAL NA «BALANÇA DA EUROPA» 153<br />

ainda mergulha<strong>do</strong> em densa barbárie. Este juízo tem por fundamento o<br />

nulo e passivo papel que desempenha no mun<strong>do</strong> literário e na constituição<br />

política da Europa 43 .<br />

A fatalidade de feição política que inspira o primeiro, encontra<br />

paralelo na crueza da caracterização de pen<strong>do</strong>r político-cultural que<br />

apresenta o segun<strong>do</strong>; o joguete com que é retrata<strong>do</strong> no primeiro,<br />

corresponde, no segun<strong>do</strong>, à total erradicação <strong>do</strong> seu peso na balança<br />

da Europa.<br />

Ora bem, da<strong>do</strong> o mote, de feição globalista, passamos a indagar<br />

sobre a convergência notada, recorren<strong>do</strong> a algumas caracterizações<br />

parcelares:<br />

O carácter desumano, violento e nefasto da nossa Inquisição e<br />

Censura e as suas consequências, é pressuposto aceite e vector forte<br />

quase omnipresente no tratamento da generalidade <strong>do</strong>s escritos que se<br />

nos referem e que analisámos. Só a questão da Inquisição havia de<br />

permitir a construção de um quadro tão fecun<strong>do</strong> quanto negro da<br />

nossa realidade, na pena destes estrangeiros. Mas nesta intensa fecundidade<br />

apenas daremos realce, e mesmo assim de forma sintética, à<br />

questão da censura.<br />

Comecemos pelo Tableau de Lisbonne. Esta obra emprega uma<br />

grande parte das suas numerosas páginas discorren<strong>do</strong> sobre o rigor,<br />

por vezes falha<strong>do</strong>, <strong>do</strong> nosso sistema censório e <strong>do</strong> consequente atraso<br />

das nossas letras e ciências. Mas, para além de informar sobre a<br />

dimensão histórica daquela instituição, e de descrever algumas curiosidades<br />

e vicissitudes da sua actuação, não se esquece de fazer o<br />

enquadramento causal, aliás de sabor bem iluminista para lhe garantir<br />

mais fiabilidade, desvelan<strong>do</strong> o que considerava ser a intencionalidade<br />

política que lhe subjazia. «O governo tem os seus motivos», acusa,<br />

«nação sem luzes (…) verga-se sem resistência sob o jugo <strong>do</strong> despotismo»<br />

44 . Não se afasta muito desta opinião o modera<strong>do</strong> Link. Escreven<strong>do</strong><br />

à luz <strong>do</strong> mesmo pressuposto, encontrará justificação da acção<br />

concertada neste campo entre o trono e o altar, no me<strong>do</strong> das revolu-<br />

——————————<br />

43 Voyage en Portugal, et particulierement à Lisbonne, ou tableau moral, civil, politique<br />

physique et religieux de cette capital etc. suivi de plusieurs Lettres sur l’état ancien<br />

et actuel de ce royaume, Paris, 1798, I: 8.<br />

44 J. B. F. CARRERE, Tableau de Lisbonne, en 1796: suivi de Lettres Écrites de Portugal<br />

sur L’État Ancien et: Actuel de ce Royaume. Paris, H.J.Jansen, 1797: 237/38.

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