04.07.2013 Views

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

JUSTIÇA E PODER NOS TRIBUNAIS PLENÁRIOS DO ESTADO NOVO 267<br />

que tipo fosse (até para salvaguarda <strong>do</strong> seu agrega<strong>do</strong> familiar); que, em<br />

1954, se limitou a dar um parecer jurídico a um camarada da prisão,<br />

Teófilo Alberto de Matos (sobre medidas de segurança) e que tu<strong>do</strong> o<br />

que pretendia, no futuro (estava quase com 45 anos de idade e teria<br />

de começar <strong>do</strong> zero) era «viver para a família e para o trabalho» 56 .<br />

Todavia, perante o que fica dito neste e noutros autos-de-perguntas<br />

afins – o Conselho Técnico da Cadeia <strong>do</strong> Forte de Peniche, na acta da<br />

sua 106.ª sessão, efectuada em 16 de Maio de 1963 e presidida pelo<br />

Director, Capitão Silva Marques, concluiu que o Dr. Humberto Lopes<br />

continuava a ser «um recluso mal comporta<strong>do</strong>, mostran<strong>do</strong>-se bastante<br />

indisciplina<strong>do</strong>»; que continuava a seguir – pelas atitudes tomadas –<br />

«as directrizes <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> ‘parti<strong>do</strong> comunista português’» e que<br />

tomou parte na greve de fome levada a efeito pelos presos de Peniche<br />

(em fins de 1962), pelo que era de parecer que o dr. Humberto Lopes<br />

«não estava ainda regenera<strong>do</strong> e em condições de lhe ser concedida a<br />

liberdade, pois tu<strong>do</strong> levava a crer que continuaria a ser um elemento<br />

afecto e perigoso <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> ‘parti<strong>do</strong> comunista português’» 57 .<br />

Pouco depois, em 21 de Maio de 1963, Humberto Lopes, interroga<strong>do</strong><br />

de novo pela PIDE, reafirmava, como consta <strong>do</strong> auto-de-perguntas, a<br />

sua vontade de nunca mais se envolver em quaisquer actividades políticas,<br />

o que levou o chefe de Brigada, Cândi<strong>do</strong> Pires, a concluir nos<br />

«autos» que, «como é inabalável resolução <strong>do</strong> declarante em não voltar<br />

a ter quaisquer actividades políticas, e sen<strong>do</strong> certo que as que ocasionaram<br />

a sua condenação de 1948 já nessa altura tinham si<strong>do</strong> aban<strong>do</strong>nadas,<br />

parece evidente que não é razoável duvidar de que a futura<br />

conduta <strong>do</strong> declarante nada terá que ver com a organização nem com<br />

os propósitos <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> político a que se fez referência. (…) Quanto à<br />

a segunda condenação, e ten<strong>do</strong> em vista o que o declarante sempre tem<br />

afirma<strong>do</strong>, e reafirmou no auto anterior, é de ver que, em sua consciência,<br />

nenhuma ligação teve o seu comportamento na Cadeia de<br />

Caxias com o propósito de servir os objectivos dessa mesma organização.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, se o declarante fôr posto em liberdade e não<br />

exercer qualquer espécie de actividade política, parece que se não põe<br />

a hipótese de voltar a ser preso» 58 . No entanto, o Subdirector da PIDE<br />

de Lisboa, José Barreto Sachetti, ao constatar que se aproximava <strong>do</strong><br />

——————————<br />

56 Idem, Quatro causas, Lisboa, Livraria Moraes Editores, 1969, pp. 56 -69.<br />

57 Idem, ibidem, pp. 62-63.<br />

58 Apud Francisco Salga<strong>do</strong> Zenha, Quatro causas, Lisboa, Livraria Moraes<br />

Editores, 1969, p. 67.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!