04.07.2013 Views

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

PORTUGAL NA «BALANÇA DA EUROPA» 145<br />

julgamos relevante a análise e reflexão deste segmento, coo vector de<br />

grande merecimento para a compreensão <strong>do</strong> papel de Portugal na<br />

balança europeia 12 . Não pretendemos através dele fazer propriamente<br />

história <strong>do</strong> país, mas tão só traçar o perfil das representações<br />

que dele emanaram e que vogaram pela Europa que, de facto, nos<br />

subalternizou e, muitas vezes, vexou. Representações incorrectas,<br />

deturpadas, deficientes, mesmo interesseiras? Certamente muitas,<br />

mas, vistas bem as coisas, não totalmente descabidas da realidade,<br />

como tantos ilustra<strong>do</strong>s da nossa terra, estrangeira<strong>do</strong>s ou não mas bem<br />

amantes da sua pátria, profusamente comprovaram, desde o padre<br />

António Vieira a Ribeiro Sanches e Verney, a Melo Franco, a Garrett, a<br />

Antero, a Sérgio, a Jorge de Sena, a Eduar<strong>do</strong> Lourenço e tantos mais.<br />

Expressões bem deprimentes aparecem nos seus escritos, referidas a<br />

Portugal e aos portugueses, como cafres, índios, turcos da Europa,<br />

reino cadaveroso e outras similares. E na verdade, não é controverso<br />

afirmar que no século XVIII passámos muito ao la<strong>do</strong> da criação europeia<br />

de além Pirenéus, na ciência, na filosofia, na cultura, na arte, bem<br />

como noutras bases cria<strong>do</strong>ras de elevação, como a económica, a política<br />

e a militar. Ora, será precisamente esta a imagem que penetrará no<br />

século XIX e fará opinião entre as novas nações hegemónicas, como<br />

tematiza Eduar<strong>do</strong> Lourenço que acrescenta: «Nem na Europa nem<br />

fora dela éramos povo que contava e com quem era necessário<br />

contar» 13 . Nesta base, directamente, ou por vias mediadas, a porventura<br />

desmesuradamente negra opinião que a generalidade daqueles<br />

forasteiros proporcionaram sobre nós, está longe de ter si<strong>do</strong> inócua em<br />

consequências, relativamente à situação que analisamos. José Manuel<br />

Herrero Massari, em livro recente 14 , chama precisamente a atenção<br />

para a confusão de níveis, entre real e ficcional, que afecta os leitores<br />

mais desabitua<strong>do</strong>s ou incautos. Ora, sabemo-lo bem, é precisamente o<br />

segun<strong>do</strong> nível que proporciona um universo mais alarga<strong>do</strong> de leitores!<br />

——————————<br />

12 A Espanha não foge a este padrão. Leia-se o que escreve A. García Simón no<br />

«Prefacio» à grande obra de J. García Mercadal, Viajes de extranjeros por España y<br />

Portugal, 1.º vol. (Junta de Castilla y León, 1999, p. 12): «La imagen de España se fue<br />

fijan<strong>do</strong> en los otros países europeos durante la época moderna, gracias sobre to<strong>do</strong> a los<br />

relatos viajeros».<br />

13 LOURENÇO, Eduar<strong>do</strong>, Nós e a Europa ou as duas razões, Lisboa, Imprensa<br />

Nacional – Casa da Moeda, 1994, 4.ª ed. aumentada, p. 20.<br />

14 HERRERO MASSARI, J. M., Libros de viages de los siglos XVI y XVII en España y<br />

Portugal – Lecturas y lectores, Madrid, Fundación Universitaria Española, 1999, p. 50.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!