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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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PORTUGAL NA «BALANÇA DA EUROPA» 173<br />

dade, chegan<strong>do</strong> a esboçar uma fórmula interactiva de teor quantitativo.<br />

Retoma mais uma vez o modelo físico aplica<strong>do</strong> ao concreto:<br />

«…os corpos políticos estão liga<strong>do</strong>s por uma força de atracção recíproca,<br />

semelhante à que mantém no equilíbrio os grandes corpos físicos; e a<br />

variação da política inglesa há-de afectar to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> em<br />

razão composta <strong>do</strong> poder imenso daquela nação, de suas relações com as<br />

outras e <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> interior de cada uma delas.<br />

Nestas bases reflectirá a balança da Europa, e nela, o lugar de<br />

Portugal. Analisará o passa<strong>do</strong>, lerá o presente e perscrutará o futuro.<br />

À França, à Inglaterra, e à Espanha concederá lugar privilegia<strong>do</strong> nessa<br />

análise, servin<strong>do</strong> a última, sobretu<strong>do</strong>, a estratégia de alternativa que<br />

engendrará para o nosso caso. Mas vejamos, antes de mais, a leitura<br />

que o autor faz deste Portugal passa<strong>do</strong> e presente no quadro da sua<br />

pertença ao conjunto europeu.<br />

É inquestionável para Garrett o que a História consagrou: Portugal<br />

foi, nos séculos XV e XVI, país marcante da civilização universal,<br />

e exerceu influência determinante na organização global da balança<br />

europeia, permanecen<strong>do</strong> como contrapeso equilibrante nas relações<br />

entre as três grandes potências: França, Inglaterra e Espanha. Entretanto,<br />

a Europa entra em crise, em função, sobretu<strong>do</strong>, de acontecimentos<br />

de grande lastro com força estruturante: independência da<br />

América, Revolução Francesa e engrandecimento da Rússia. Nesta base,<br />

necessários se tornariam novos reequilíbrios. No xadrez desta recomposição<br />

de uma nova ordem, torna-se, então, indispensável, medir o<br />

peso de cada qual com vista a que esse reequilíbrio seja consistente e<br />

durável. Ora, na percepção deste jogo, reconhecerá o ilustre ensaísta a<br />

saída de Portugal da sua antiga posição, e a quase nulidade <strong>do</strong> seu peso<br />

no mun<strong>do</strong> político europeu coevo. Neste campo, pouco diferirá da<br />

generalidade das representações que a literatura anterior <strong>do</strong>s viageiros<br />

e outras formas de difusão, veiculara a nosso respeito. Aliás, os<br />

critérios de julgamento manter-se-ão – luzes e armas –, e aplicá-los-à<br />

não só à valoração <strong>do</strong> nosso país no panorama europeu, como à<br />

própria hierarquização da grandeza <strong>do</strong>s continentes numa situação de<br />

passa<strong>do</strong>, de presente e até de futuro 108 . No artigo XXIV da Primeira<br />

Secção da obra em análise exporá o negro quadro dessas representações<br />

que outros teceram sobre nós, bem como o das nossas realidades,<br />

——————————<br />

108 Primeiro falará apenas em esta<strong>do</strong> civilizacional; depois concretizará os critérios<br />

das luzes e das armas. Veja-se PBE pp. 31 e 32.

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