04.07.2013 Views

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

42<br />

retorno para o político após o seu perío<strong>do</strong> económico-anarquista.<br />

Podemos partir dum comum equívoco «saint-simoniano» <strong>do</strong> fim <strong>do</strong><br />

político, isto é, <strong>do</strong> sonho que influenciou o século XIX, da época em<br />

que preponderava a fórmula que a «administração das coisas» substituiria<br />

o governo <strong>do</strong>s homens 83 . A questão nevrálgica, <strong>do</strong> âmbito estrito<br />

da política, é o da coexistência entre o «uno e o diverso» e, consequentemente,<br />

o da instância da igualdade entre Esta<strong>do</strong>s numa tal<br />

estruturação federativa.<br />

b) O apelo mágico de Europa<br />

DIACRÍTICA<br />

É, contu<strong>do</strong>, Victor Hugo (1802-1885), cuja obra foi revisitada ao<br />

longo <strong>do</strong> ano de 2002 84 , desde a poesia, o romance, o teatro, à obra<br />

histórica e crítica, enfim, os textos e trechos onde lirismo e epopeia se<br />

aliam numa obra original e sempre aberta à análise, e que o apelo<br />

mágico de Europa atingiu uma dimensão romântico-política. Não pode,<br />

pois, olvidar-se a intensa e incansável actividade política, nas palavras<br />

e nos actos, que muito contribuíram para renovar o pensamento sóciopolítico.<br />

É dificilmente imaginável como Hugo, no seu tempo, pudesse<br />

ter apresenta<strong>do</strong> uma concepção prospectiva <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, tenaz defensor<br />

<strong>do</strong>s direitos humanos, lutan<strong>do</strong> pela abolição da pena de morte, pela<br />

igualdade social, os direitos da criança e a emancipação da mulher.<br />

Todavia, mais dificilmente imaginável é como Hugo defendeu então o<br />

desarmamento, a constituição duma Sociedade das Nações e, especialmente,<br />

<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s-Uni<strong>do</strong>s da Europa.<br />

Filho da Revolução Francesa e inspira<strong>do</strong> pelos socialistas utópicos,<br />

como Fourier e Saint-Simon, o seu pensamento está em conso-<br />

——————————<br />

83 Atente-se na seguinte passagem, muito expressiva, de Comte, ao tempo ainda<br />

secretário de Saint-Simon: «A política científica exclui radicalmente o arbitrário, porque<br />

faz desaparecer o absoluto e o vago que o engendraram e que o mantêm. Nesta política,<br />

a espécie humana é considerada como sujeita a uma lei natural de desenvolvimento,<br />

susceptível de ser determinada pela observação, e que prescreve, para cada época, da<br />

maneira menos equívoca, a acção política que pode ser exercida. O arbitrário cessa, pois,<br />

necessariamente. O governo das coisas substitui o <strong>do</strong>s homens» (Auguste Comte, «Plan<br />

des travaux scientifiques nécessaires pour réorganiser la société» [1822], Système de politique<br />

positive, t. IV, p. 102; cf. tr., Reorganizar a sociedade, tr. A. Ribeiro, Lisboa, Guimarães<br />

Editores, p. 136.<br />

Cf. também Patrice Rolland, «La théorie proudhonienne du fédéralisme et l’Europe<br />

aujourd’hui», Raison Présente, n.º 114, 1995, p. 73 ss.<br />

84 Victor Hugo nasceu (1802-1885) em Besançon, ten<strong>do</strong>-se, em 2002, um pouco<br />

por to<strong>do</strong> o la<strong>do</strong>, mas especialmente em França, comemora<strong>do</strong> o seu bicentenário, <strong>do</strong>s<br />

mais diversos mo<strong>do</strong>s.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!