04.07.2013 Views

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

NÓS E A EUROPA 113<br />

to-galeguista» e convizinho <strong>do</strong> seu paço 23 . Logo volve a Madrid e,<br />

retoman<strong>do</strong> parcialmente e vagamente o projecto liceísta, parte para<br />

umha viage por Europa durante o verám, com estadas em França e<br />

Alemanha, da que regressa, interrompen<strong>do</strong>-a, para instalar-se na aldea<br />

em setembro. Ali, converti<strong>do</strong> num proprietário camponés passa o<br />

outono e inicia o inverno, mentres se vai achegan<strong>do</strong> à cultura e a realidade<br />

galegas até, um ano despois, integrar-se no galeguismo, segun<strong>do</strong><br />

é aponta<strong>do</strong> ao final <strong>do</strong> romance 24 , data<strong>do</strong> em janeiro de 1930.<br />

Na personalidade e a experiéncia <strong>do</strong> nosso personage, joga um<br />

papel muito destaca<strong>do</strong> a cultura, sen<strong>do</strong> esta eminentemente a literatura<br />

e a filosofia. A formaçom e a bagage cultural de Adrián seria<br />

fundamentalmente francesa, se nom fosse pola sua vocaçom filosófica,<br />

que lhe reporta umha importante impregnaçom alemá 25 . Ora, para<br />

Adrián a sua cultura, o seu brouillon de culture, é, mais <strong>do</strong> que um<br />

invólucro, o seu meio vital: serve-lhe, de jeito espontáneo e até mecánico,<br />

de «espelho», lenço imprescindível para o reconhecimento de<br />

si, e de «janela», moldura ineludível para o conhecimento <strong>do</strong> outro 26 .<br />

O resulta<strong>do</strong> desse permanente confronto de si com a cultura e de esta<br />

com o ambiente, antes a aldea e agora Madrid, é um recorrente<br />

malestar: mais exactamente, e em palavras que lhe poderiam ser caras,<br />

o que Adrián conhece é o axexo desconfortante dum Unbehagen, dum<br />

andar mal à l’aise, que ameaçam com tornar-se crónicos.<br />

Por outras palavras, Adrián tem problemas de identidade persoal<br />

e inserçom social. Som fundamentalmente <strong>do</strong>us os seus dramas: um<br />

——————————<br />

23 É propriamente tio <strong>do</strong> seu defunto pai. Este padre, nos longes tempos <strong>do</strong> início<br />

<strong>do</strong> seu sacerdócio, iniciara umha frustrada – por ele próprio aban<strong>do</strong>nada – movimentaçom<br />

galeguista e, de velho, chega a considerar a possibilidade de legar os seus papeis<br />

a Adrián (Arre<strong>do</strong>r de si, pp. 42-44). Finalmente, à hora da morte, só lhe mostra, pedin<strong>do</strong>lhe<br />

e fazen<strong>do</strong> que ele lha mostre no mapa de Fontán, Galiza (Arre<strong>do</strong>r de si, pp. 91-92).<br />

24 Que, precisamente, remata com um lema, identifica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> nacionalismo galego,<br />

promovi<strong>do</strong> polo Parti<strong>do</strong> Galeguista: ¡¡TERRA A NOSA!! (Arre<strong>do</strong>r de si, p. 153). Este<br />

lema, que compreensivelmente – por motivos políticos – pu<strong>do</strong> ter si<strong>do</strong> elidi<strong>do</strong> na<br />

2.ª ediçom (Galaxia, Vigo, 1970), falta incompreensivelmente, até hoje, em todas as<br />

outras (sen<strong>do</strong> algumhas ediçons comentadas e anotadas).<br />

25 As suas reférencias filosóficas som: Espinosa, Platom, Descartes, Hegel, Schopenhauer,<br />

Bergson, Nietzsche (Arre<strong>do</strong>r de si, p. 77). E, por suposto, Kant, que é o autor<br />

mais presente, como objecto de atracçom e de repulsa, no texto.<br />

26 Por exemplo, esta associaçom, perante umha ementa, com a filosofia de Espinosa:<br />

«lên<strong>do</strong> a lista de pratos e viños n’a qu’hai sempre un escolio preciso, está seguro<br />

de rexurdir» (Arre<strong>do</strong>r de si, p. 16). Ou, à vista dumha fonte no seu paço: «Fora obra d’un<br />

antergo da casa e levaba a data: 1792. No ano <strong>do</strong> Terror o fidalgo ribeirán ocupábase<br />

en canalizare as finas augas da encosta» (Arre<strong>do</strong>r de si, p. 87).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!