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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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PORTUGAL NA «BALANÇA DA EUROPA» 151<br />

bem visível, acerca da dificuldade em compatibilizar-se despotismo<br />

com ciência.<br />

Esta positividade crítica torna-se, nalguns casos, ataque cerra<strong>do</strong>.<br />

Na obra atrás referida de Comartin, repudia este, com veemência,<br />

o extenso escrito em 4 volumes de título: Memoires de Sebastien Joseph<br />

de Carvalho e Mello (1784). É de um jesuíta, sabe-se, e não figura nele<br />

lugar de edição. Não vale a pena discorrer sobre ele. Diremos apenas<br />

que o autor olha para Pombal como só um religioso daquela ordem<br />

poderia olhar! Mas não é este exemplo único de aversão. Referimos<br />

mais <strong>do</strong>is. De um deles, bastará fazer uma curta transcrição ilustrativa<br />

<strong>do</strong> apreço que o autor tem pelo nosso governante. Falamos de Ranque,<br />

numa altura em que tecia considerações sobre D.ª Maria: «Se tivesse<br />

de fazer um juízo sobre o célebre ministro de seu pai, diria que foi tão<br />

útil a Portugal, como o tremor de terra de 1775 foi útil a Lisboa» 37 .<br />

Quanto ao segun<strong>do</strong> caso, o simples título revela a intenção: Ane<strong>do</strong>ctes<br />

du Ministere de Sébastien-Joseph Carvalho, Comte d’Oeiras, Marquis de<br />

Pombal, sous le Regne de Joseph I, Roi de Portugal (1783) 38 . E não se<br />

confinou o interesse da obra à área da edição original, pois passa<strong>do</strong>s<br />

quatro anos conhecia ela uma outra edição italiana em 2 volumes, sem<br />

indicação de local de impressão assinala<strong>do</strong>. O célebre caso <strong>do</strong> padre<br />

Malagrida é o ferrete mais agu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ataques ao déspota.<br />

A partir daqui, resta-nos, então, assinalar os vectores mais<br />

salientes e comuns das representações que estes autores veicularam<br />

sobre nós, ten<strong>do</strong> principalmente em conta os critérios atrás defini<strong>do</strong>s<br />

para julgamento da grandeza das nações.<br />

*<br />

Como já advertimos e temos vin<strong>do</strong> a verificar, é quase sempre<br />

negra a saga que emana das penas <strong>do</strong>s forasteiros que nos quiseram<br />

retratar. A circunstância <strong>do</strong> terrível terramoto de 1755 fez multiplicar<br />

as viagens ao nosso país e a consequente literatura, sen<strong>do</strong>, por isso, a<br />

partir daí, que tal saga se incrementou. Todavia, as descrições anteriores<br />

já perfilavam a tendência. Castelo Branco Chaves, que lê com<br />

muita suspeição os relatos maldizentes posteriores 39 , traduziu três<br />

——————————<br />

37 RANQUE, H., Lettres sur le Portugal, écrites à l’ocasion de la guerre actuelle, par un<br />

français établi à Lisbonne. Paris, Chez Desenne [1801].<br />

38 A edição é de Varsóvia (Chez Janos Rovicki).<br />

39 C. B. Chaves considera, no «Prefácio» da tradução da obra de RUDERS, Viagem<br />

em Portugal (veja-se nota 47), que este autor não só escreve de boa fé sobre o nosso<br />

país, como também é o mais objectivo e de «mais leal propósito de equidade». Lem-

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