Revista (PDF) - Universidade do Minho
Revista (PDF) - Universidade do Minho
Revista (PDF) - Universidade do Minho
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
72<br />
DIACRÍTICA<br />
e as pesquisas particulares – haja o que houver e encontremos o que se<br />
encontrar» 154 . Assim, «a Europa sem a sua cultura mais não é que um<br />
cabo da Ásia, bastante pobre em riquezas naturais, e menos povoa<strong>do</strong><br />
que a Índia ou a China. Mas este cabo e os seus habitantes, longamente<br />
trabalha<strong>do</strong>s, atormenta<strong>do</strong>s, fecunda<strong>do</strong>s com a <strong>do</strong>utrina e uma inquietude<br />
religiosa, por formas de pensamento filosófico, e por uma<br />
vontade de aventura racional <strong>do</strong>nde emergiram a ciência e a técnica, e<br />
as artes florescentes, e as instituições, e as formas de existência social,<br />
e uma potência económica sem precedentes, é isso a Europa, é isso<br />
que fez o mun<strong>do</strong>. A Europa é muito pouca coisa mais uma cultura» 155 .<br />
Esta a máxima dimensão inexaurível da «Europa <strong>do</strong> Espírito» e da<br />
maneira peculiar de ser europeu.<br />
Ora, será na <strong>do</strong>sagem entre as identidades <strong>do</strong>s diferentes povos de<br />
Europa e o cosmopolitismo europeu – aquelas naturais e esta construída<br />
–, que deveria emergir o terceiro tipo de sociedade política<br />
inventada pelos europeus, depois da Cidade e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>; e, tal como os<br />
Esta<strong>do</strong>s não destruíram as Cidades, integran<strong>do</strong>-as, a União Europeia<br />
fará <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> com os Esta<strong>do</strong>s.<br />
——————————<br />
153 L’Un et le Divers, op. cit., pp. 27-28.<br />
154 Denis de Rougemont, «Université et Universalité», Bulletin de la Conférence<br />
permanente des Recteurs et Vice-Chanceliers d’Europe (CRE), Genebra, 1966, p. 109, cit.<br />
em F. Saint-Ouen, op. cit., p. 92.<br />
155 Id., Les Chances de l’Europe, Neuchâtel, Éditions de la Baconnière, 1962,<br />
pp. 38-39. Por isso continua: «Esta definição simples recorda-me a equação mais célebre<br />
<strong>do</strong> século, que é a de Einstein: E = mc 2 , onde E significa a energia, m a massa, c a<br />
velocidade da luz. Transponho-a termo a termo, designan<strong>do</strong> naturalmemte a Europa<br />
por E, a sua pequena massa física por m, e a sua cultura por c». Deste mo<strong>do</strong>, «E = mc 2<br />
lê-se então como segue: Europa igual a cabo de Ásia multiplica<strong>do</strong> pela cultura intensiva<br />
(c ao quadra<strong>do</strong>)».<br />
Noutro lugar, afirma de mo<strong>do</strong> análogo: «A Europa é portanto uma energia, que<br />
designaremos por E, e que é igual ao produto da sua massa (extensão, matérias primas,<br />
população, etc., seja m), por uma cultura cujos efeitos induzi<strong>do</strong>s se multiplicam em<br />
progressão geométrica e que simbolizaremos por c 2 . Encontramos aqui uma equação<br />
célebre: E = mc2, que tomamos a liberdade de ler como segue: Europa = cabo de Ásia<br />
multiplica<strong>do</strong> por cultura intensiva» (Cf. Écrits sur l’Europe, p. 338).