Revista (PDF) - Universidade do Minho
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114<br />
DIACRÍTICA<br />
mais íntimo, que tem que ver com a sua relaçom vital com a filosofia<br />
e, secundariamente, com a sua saída profissional 27 ; outro nom menos<br />
íntimo mas mais público, que tem que ver com a sua relaçom com o<br />
ambiente social e, primordialmente, com o seu estatuto como cidadám<br />
(quer dizer, como membro pleno e partícipe activo dumha nacionalidade).<br />
Deixaremos aquela questom íntima, o difícil encaixe entre<br />
viver, sentir e pensar, ao amparo ou ao fio de algumha filosofia, para<br />
centrarmo-nos neste assunto público.<br />
Este último, relativo à sua identidade colectiva, poderia plantearse<br />
dizen<strong>do</strong> que Adrián «quer chegar a ser espanhol» 28 . Este singelo<br />
enuncia<strong>do</strong>, por umha parte, indica-nos implicitamente que Adrián «nom<br />
é espanhol», o que tamém fica implícito longo tempo no romance, e,<br />
por outra parte, leva-nos a perguntar-nos explicitamente o que seria,<br />
para Adrián, «ser espanhol». E responden<strong>do</strong> esta questom, poderemos<br />
outrossi entender porque é que ele nom é (ou, melhor, ainda nom é)<br />
espanhol.<br />
Pois bem, Adrián partilha, e assume, a concepçom, ateada e espalhada<br />
pola chamada geraçom de 98, segun<strong>do</strong> a qual Espanha, in<br />
essentia, é Castela e o espanhol, por antonomásia, é o castelám 29 .<br />
Neste esquema, Madrid vem sen<strong>do</strong> a realizaçom, a materializaçom e a<br />
culminaçom, práctica desse espírito castelám, <strong>do</strong> qual, por outra parte,<br />
Burgos e Tole<strong>do</strong>, corresponden<strong>do</strong> às faces prístina (Castela a Vella) e<br />
sincrética (Castela a Nova), seriam as origes e raízes quase esquecidas<br />
mas revitaliza<strong>do</strong>ras: porque haveria, nelas, a energia salvífica, o<br />
antí<strong>do</strong>to salutífero, que cumpriria aplicar à progressiva decadéncia<br />
<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> espanhol e à actual impoténcia da metrópole madrilena.<br />
É, mais ou menos, por isso que o nosso protagonista, que procura<br />
a esséncia de Espanha e, in<strong>do</strong> além, a de Castela (ou seja, a esséncia<br />
da esséncia) e dela espera a sua regeneraçom como espanhol (ou seja,<br />
——————————<br />
27 «¿Porqué quería ser Profesor de Filosofía? E d’ista pregunta foron xurdin<strong>do</strong><br />
outras e outras hastra que esquenci<strong>do</strong> <strong>do</strong> cuestionario sentiuse colli<strong>do</strong> n’outro mais<br />
esteso e vidal coma que n’il estaban pedin<strong>do</strong> resposta to<strong>do</strong>l’os temas informa<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />
seu vivir» (Arre<strong>do</strong>r de si, p. 75).<br />
28 Caracteristicamente, emprega, mais dumha vez, o lexema orteguiano «vertebrar-se».<br />
Numha das suas próprias formulaçons: «tiña que conquerir heroicamente a sua<br />
persoalidade, alí, no cerne de España. Unha obra de Reconquista. Sin axuda <strong>do</strong> Apóstol<br />
Sant-Iago. Pois o que se trataba era de vertebrar con hoso e miolo español a mol materia<br />
galega» (Arre<strong>do</strong>r de si, p. 81).<br />
29 Entre outras figuras, representativas dessa idea de Espanha, saem mesmo nas<br />
páginas <strong>do</strong> romance: Ortega, Baroja, Azorín, Unamuno… etc.