Revista (PDF) - Universidade do Minho
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NÓS E A EUROPA 121<br />
os passos e os efeitos dum processo de autodeterminaçom, entendida<br />
como capacidade para dirigir o próprio destino, progressivamente<br />
exercida polos indivíduos, vincula<strong>do</strong>s electivamente, agin<strong>do</strong> colectivamente<br />
58 . Castelao sublinha, nas páginas de Sempre en Galiza, o carácter<br />
necessariamente «nom violento» desta acçom política 59 , com que<br />
os galegos devem tirar Galiza da sua subsisténcia e levá-la até a existéncia<br />
plena… e igual com as outras naçons que integram Espanha.<br />
Eis porque falamos de co-existéncia e co-ordenaçom.<br />
Substancialmente, <strong>do</strong>us som os efeitos que, para Castelao, ham<br />
seguir-se da autodeterminaçom de Galiza: um, interno, sobre a própria<br />
naçom galega; outro, externo, sobre o esta<strong>do</strong> espanhol. O primeiro, a<br />
escala galega, é a autonomia, que ao facultar o governo e melhor<br />
aproveitamento <strong>do</strong>s recursos próprios, naturais e humanos, terá que<br />
possibilitar o desenvolvimento económico e o renacimento cultural de<br />
Galiza 60 . O segun<strong>do</strong>, a escala espanhola, é a co-soberania, a divisom<br />
da soberania hegemonizada por Castela para ser partilhada, ademais,<br />
por Catalunya e Euskadi, além de Galiza, que deverá conduzir à<br />
Federaçom Espanhola 61 . Ora, neste ponto, Castelao entende que o<br />
processo nom deve limitar-se à formaçom de Hispánia (a Federaçom<br />
Espanhola), senom que esta pode, e deve, propiciar a formaçom de<br />
Ibéria, i.e., a Confederaçom com Portugal 62 . Nisto, segun<strong>do</strong> ele insiste,<br />
Galiza poderia, e deveria, jogar um importante papel 63 .<br />
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58 Ou seja, self government (Sempre en Galiza, p. 257, p. 308).<br />
59 Practicamente desde os seus inícios, o movimento galeguista seguiu caminhos<br />
divergentes das acçons violentas, como os «pronunciamentos militares», segun<strong>do</strong> lembra<br />
Castelao (Sempre en Galiza, p. 68, p. 466). Polo demais, o Parti<strong>do</strong> Galeguista tinha<br />
entre os seus princípios fundamentais o «pacifismo».<br />
60 Por exemplo, Sempre en Galiza, pp. 411-417.<br />
61 Assi: «Nós oferecemos a nosa mellor vontade para crear, cos demáis povos da<br />
Penínsua, un novo Esta<strong>do</strong> hespañol, auténticamente democrático e afinca<strong>do</strong> nas realidades<br />
nacionaes» (Sempre en Galiza, p. 296).<br />
62 A Uniom Ibérica foi, historicamente, impedida polo centralismo castelám<br />
(Sempre en Galiza, pp. 307-309, pp. 337-339). Por outra parte, a respeito de Galiza e os<br />
galeguistas, Castelao afirma: «Somos ardi<strong>do</strong>s defensores da unión ou alianza ibérica,<br />
porque no fon<strong>do</strong> insobornable da nosa alma bule o anceio de achegarnos a Portugal e<br />
de confundirnos con él; pero primeiro arelamos dar remate feliz â nosa obra hespañola»<br />
(Sempre en Galiza, p. 334).<br />
63 Seria missom galega «atraguer Portugal â comunidade da gran familia hispánica»<br />
(Sempre en Galiza, p. 90). Além disso, Galiza seria, com Euskadi e Catalunya,<br />
«garantia» de sobrevivéncia e até engrandecimento futuros para Portugal na Confederaçom<br />
Ibérica (Sempre en Galiza, p. 361).