Revista (PDF) - Universidade do Minho

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análise que nos conduzam à estratégica leitura do autor de Portugal
na Balança da Europa.
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DIACRÍTICA
A derrota de Napoleão oferecia à Europa uma ocasião sem par,
que as contínuas guerras faziam apetecer, para a construção de um
equilíbrio europeu que garantisse os direitos e o lugar próprio de cada
nação no velho continente. Mas a voracidade dos mais poderosos
vencedores, porque outros houvera, gorou à nascença tal oportunidade
sob o cenário de uma frenética dança de tratados e convenções selectivos
que tiveram oficialização e consagração definitivas no Acto Final
do Congresso de Viena, em 9 de Junho de 1815, e no famoso tratado
da Santa Aliança de 28 de Setembro do mesmo ano. Como deste último
se nota, mais uma vez, estratégias e acções diabólicas se acoitariam
antiteticamente na capa feita de ignorância, superstição e ingénua fé
pintada de Santa.
Os Estados secundários foram, então, aí, joguete do poderoso
grupo, quer pela estratégia da ameaça incontornável, quer pela das
promessas mentirosas e aliciadoras. Frederic de Gentz, «alma danada»
de Metternich, na expressão de Debidour, e Secretário do Congresso,
assim se exprime nas Mémoires de Metternich, em relatório do mês de
Fevereiro:
Os que, na época da reunião do Congresso de Viena, tinham discernido bem
a natureza e os objectos do congresso, não se poderiam mais arrepender da
sua marcha, fosse qual fosse a sua opinião e os seus resultados. As grandes
frases de reconstrução da ordem social, de regeneração do sistema político
da Europa, depaz durável fundada numa justa repartição de forças,
etc., etc., etc., consumiam-se para tranquilizar os povos e para dar a esta
reunião solene um ar de dignidade e grandeza; mas o verdadeiro fim do
congresso era a partilha entre os vencedores dos despojos do vencido 84 .
O Congresso afrontava, então, quer povos quer reis, para esconjurar
o revolucionarismo, mostrando desde logo à saciedade como a
tirania oligárquica não era menos feroz e deprimente que a tirania de
um só! Com efeito, apenas a partir de 1848 a Europa se verá definitivamente
livre dessa tutoria de sistemática vigilância e fantástico pode-
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DEBIDOUR, A., Histoire diplomatique de l’Europe. Paris, Librairie Félix Alcan,
1931: 2.