Revista (PDF) - Universidade do Minho
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NÓS E A EUROPA 111<br />
«pinheiros». Das gentes de Nós revisitaremos, nalguns seus textos<br />
significativos, só as suas figuras mais eminentes: fugazmente, Risco;<br />
e logo, com mais vagar, Pedrayo e Castelao.<br />
Para começar, tomaremos o ensaio «Nós, os inadapta<strong>do</strong>s» 13 em<br />
que Risco, fazen<strong>do</strong> memória e balanço em 1933 <strong>do</strong> percurso segui<strong>do</strong>,<br />
traça a biografia intelectual 14 <strong>do</strong>s, nas suas palavras, «homes <strong>do</strong><br />
seu tempo» 15 . O retrato e evoluçom colectivos que esboça som váli<strong>do</strong>s,<br />
sobreto<strong>do</strong>, para ele mesmo e Pedrayo e, em menor medida, para<br />
Castelao. Interessa-me assinalar que essa caracterizaçom nom acai a<br />
to<strong>do</strong> o galeguismo da época, pois naquela altura havia outros nacionalistas,<br />
os das Irmandades da Fala, a quem acabará achegan<strong>do</strong>-se<br />
Castelao, que professavam um outro «europeísmo», eminentemente<br />
político e nom meramente cultural 16 .<br />
Pois bem, no ensaio de Risco, o que de Europa está presente é a<br />
sua «cultura humanística», que eles teriam toma<strong>do</strong>, de entrada, para<br />
a formaçom e cultivo de si, das suas personalidades individuais, e<br />
despois teriam transferi<strong>do</strong>, ao darem eles com Galiza e darem-se<br />
a Galiza, para a cultura galega. Sob o rótulo «cultura europea» o que<br />
achamos é, fundamentalmente, arte, literatura e pensamento, que<br />
procedem, tamém fundamentalmente, <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> francés e <strong>do</strong> alemám,<br />
os quais mesmo servem, sobreto<strong>do</strong> a francesa, como filtros de<br />
outras culturas 17 . Tamém cumpre registar pegadas, de importáncia,<br />
——————————<br />
13 Vicente Risco, «Nós, os inadapta<strong>do</strong>s», in Nós, tomo 10, n.º 115, Ourense-<br />
Santiago, 1933, pp. 115-123. Cito pola ediçom facsimilar: Nós, vol.V (1932-1933),<br />
Galaxia, Vigo, 1980.<br />
14 O assunto é, ao nosso ver, o accesso à autoconsciéncia: L. G. Soto, «Galeguismo/Nacionalismo:<br />
da autoconsciéncia à autodeterminación», in Aula Castelao<br />
(eds.), Filosofía e Autodeterminación, XVI Semana Galega de Filosofía, Pontevedra, 1999,<br />
pp. 32-42.<br />
15 Pouco antes, Risco aclarara que nom partilhava a «teoria hestórica das geraciós»<br />
de Ortega (Nós, p. 115).<br />
16 Basta lembrar algo <strong>do</strong> «curriculum» <strong>do</strong> que foi o seu presidente, J.V. Viqueira:<br />
forma<strong>do</strong> na Sorbona e várias universidades alemás, foi aluno de Bergson, Cassirer,<br />
Stumpf, Simmel, Husserl, Riehl, Dessoir, Rupp, Müller e Wundt, entre outros. Entre as<br />
suas obras, estám traduçons <strong>do</strong> alemán, de Natorp e de Vorländer, e <strong>do</strong> inglés, de<br />
Berkeley e de Hume.<br />
17 «O francés era d’aquela a úneca lingua estrangeira que coñecíamos ben, anque<br />
n-aquil tempo da nosa mocedade, por eiquí en Galiza, a mais moda era o inglés»<br />
(Nós, p. 116). Do seu achegamento à cultura alemá, dá-nos umha idea o seu livro sobre<br />
a sua viaxe a Alemanha em 1930: V. Risco, Mitteleuropa, Nós, Santiago, 1934 (Galaxia,<br />
Vigo, 1984, 2.ª ed.).