Revista (PDF) - Universidade do Minho
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176<br />
analisará a perfídia europeia contra ela 116 , com que delineará a estratégia<br />
de leitura <strong>do</strong> papel da religião nas boas e más causas da humanidade<br />
117 , com que fará a identificação <strong>do</strong> erro principal <strong>do</strong> nosso<br />
sistema político <strong>do</strong> vintismo 118 , nem a clarividência com que desenvolverá<br />
o exame comparativo entre a Constituição de 1822 e a Carta<br />
Constitucional, com que demonstrará a negação da essência da Santa<br />
Aliança na forma como esta encarou o fenómeno político e jurídico da<br />
legitimidade aplica<strong>do</strong> à nação portuguesa, e também com que enunciará<br />
a certeza da derrota, para breve, <strong>do</strong> miguelismo: «Cegos, loucos!<br />
O castigo vem perto, e corre presto» 119 . Pois bem, consideramos o<br />
final deste Portugal na balança da Europa, como um <strong>do</strong>s momentos<br />
mais altos de afirmação deste realismo e senti<strong>do</strong> de oportunidade.<br />
Atentemos:<br />
O teatro, bem o sabia quem melhor que ninguém o escreveu e<br />
usou, é um <strong>do</strong>s instrumentos mais poderosos de influência e construção<br />
de mentalidades. Não o desprezará, por isso, o autor, neste<br />
momento histórico de definição <strong>do</strong>s destinos da pátria. Quem o texto<br />
lesse, não poderia descentrar a sua participação na cena. Nada faltará,<br />
na circunstância: palco, actores, cenário, enre<strong>do</strong>, suspensão, envolvimento<br />
<strong>do</strong> público… Não porá o escritor nas instituições que convêm<br />
a esse novo Portugal o clímax da peça, mas no figurino opcional que<br />
tece, para que to<strong>do</strong>s se sintam participantes dessa vontade geral. Aquelas,<br />
serão apenas decorrências deste.<br />
Abra-se, então, o pano:<br />
Dois cenários fixos enquadrarão o palco:<br />
DIACRÍTICA<br />
a) «Portugal foi rico e poderoso; a má administração o deixou<br />
mais pobre e mais fraco <strong>do</strong> que nenhuma outra potência na<br />
Europa» 120 . É um pressuposto de constatação que trespassa<br />
toda a análise da obra. Dito de outra forma, ainda que manten<strong>do</strong>-se,<br />
se bem que quase apenas formalmente, independente,<br />
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116 GARRETT, PBE: 171.<br />
117 ib: 40 e segs.<br />
118 Ib.: 69 e segs.<br />
119 Ib.: 187. Notem-se o vigor e a intensidade motivacional da fórmula, quer seja<br />
lida por defensores quer por inimigos da liberdade!<br />
120 Ib.: 199.