Revista (PDF) - Universidade do Minho

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das que considera mais representativas da década de 1730 40 e, simultaneamente,
«as mais expressivas, rigorosas e verdadeiras» do segundo
quartel do século. Pois bem, o quadro geral descrito nas três, que nos
dispensamos aqui de cotejar, dado o fácil acesso, não branqueia muito
as cores pesadas das que dão aparecimento a partir da segunda metade
do século, tendo como referência as mesmas bases criteriais de valoração
atrás definidas. Atenhamo-nos, por isso, a estas últimas.
Começamos por dois excertos bem separados no tempo, mas de
sentido bem convergente. O primeiro situa-se em observações referidas
ao ano de 1756 e é de Dumouriez; o segundo pertence a um
médico, de nome Pierre Carrere 41 , que escreveu perto da viragem do
século, em 1798.
Atentemos no primeiro:
O estado político de Portugal é forçado, não permite escolha, é uma
nação que não pode consultar as suas paixões, nem no que concerne às
suas inimizades, nem às suas alianças; é o que acontece aos mais fracos.
A corte de Lisboa está acorrentada à de Londres por necessidade, é
inimiga da Espanha por natureza, e da França pela circunstância da sua
rivalidade com a Inglaterra 42 .
Leia-se agora o segundo:
DIACRÍTICA
Sabe-se que existe um pequeno pedaço de terra chamado Portugal, um
povo chamado Português, uma cidade chamada Lisboa. (iii) Julgamo-lo
——————————
bremos que Ruders tece forte crítica aos excessos maldizentes do Tableau de Lisbonne,
de J. B. F. Carrere.
40 As três estão traduzidas em publicação de título: O Portugal de D. João V visto
por três forasteiros, trad., prefácio e notas de C. B. Chaves, Lisboa, B.N., 1983. Eis as
obras: 1) – Description de la ville de Lisbonne où l’on traite de la Cour, de Portugal, de la
Langue Portugaise, & des Mouers des Habitans; du Gouvernement, des revenues du roi,
& de les Forces par Mer et par Terre; des colonies Portugaises & du Commerce de cette
Capitale, Paris, Chez Pierre Prault, Quay des Gesfres, au Paradis, MDCCXXX. Não se
conhece o autor. 2) – Mémoires Instructifs pour un voyageur dans les divers États de
l’Europe – Contenant des anedoctes curieuses très propres à éclaircir l’Histoire du Temps,
avec des Remarques sur le Commerce et l’Histoire Naturelle, Amsterdam, Chez H. du
Sauzet, 1738. Publicada anónima, parece ser de Carlos Frederico de Merveilleux, como
Chaves afirma no «Prefácio» (p. 13); 3) Voyage de Mons. r César de Saussure en Portugal –
Lettres de Lisbonne, Milan, 1909. Estas Cartas foram escritas em Lisboa em 1830, mas só
muito mais tarde, como se vê, foram publicadas pelo Visconde de Faria.
41 Não confundamos com J. B. F. Carrere, autor do Tableau de Lisbonne. Veja-se a
bibliografia final.
42
DUMOURIEZ, op. cit.: 289.