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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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60<br />

DIACRÍTICA<br />

absoluta, universal, de conhecer o cognoscível. A paixão pela ciência<br />

pertence especificamente à Europa, tanto quanto as imensas conquistas<br />

da ciência na investigação moderna» 120 . A concepção jaspersiana<br />

da verdade mostra isto mesmo: a verdade objectiva e universal dá-se<br />

somente na esfera da consciência e da ciência; na esfera da existência<br />

a verdade é singular e subjectiva, mas incondicionada; não se trata<br />

duma verdade em si, mas duma verdade para mim. Em suma, duma<br />

verdade existencial; esta carece de comunicabilidade, não para a tornar<br />

universal (o que a situaria no homem-massa e não no indivíduo existente);<br />

só no plexo da comunicação se realiza toda a verdade, pois nela<br />

não somente vivo como posso viver plenamente.<br />

Assim, «Europa, dissemo-lo, é necessidade de liberdade, história<br />

propriamente dita, fonte de ciência universal. Ou seja, não pode, por<br />

princípio, conhecer termo algum. Pois que liberdade, história, ciência,<br />

nunca podem atingir o seu fim. Por isso Europa nunca terá fim, por<br />

isso aquilo que <strong>do</strong> nosso próprio fun<strong>do</strong> poderemos ser ficará sempre a<br />

manifestar-se. Estes aspectos essenciais, justamente porque escapam<br />

à nossa posse, incessantemente nos devem dar novas possibilidades.<br />

A temporalidade, na Europa, existe e existirá». Segun<strong>do</strong> Jaspers, «em<br />

parte alguma teve a ideia de humanidade tanta força como na Europa»;<br />

por isso sustém que «nós, Europeus, podemos achar encorajamento<br />

nesta ideia: o que a Europa produziu deve ser espiritualmente<br />

ultrapassa<strong>do</strong> pela própria Europa. A essência da Europa conta já<br />

alguns milénios. Isso dá-lhe possibilidades para poder continuar esse<br />

movimento, na actual situação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, a fim de atingir uma nova<br />

criação» 121 . Na verdade, «não haveria, para a humanidade no seu<br />

conjunto, nem ameaça geral, nem possibilidades comuns. O espírito<br />

que produziu a ciência e a técnica deve encerrar em si com que reorganizar<br />

aquilo que criou».<br />

Todavia, tal como Janus, a realidade é bifronte: «Embora os Europeus<br />

se tenham torna<strong>do</strong> culpa<strong>do</strong>s das mais vergonhosas perversidades,<br />

foram os Europeus também que conseguiram, com menos preconceitos,<br />

compreender o que são os outros. O primeiro impulso de<br />

conquista <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> transformou-se em vontade de compreender<br />

os outros e de comunicar, sem reservas, com os homens de to<strong>do</strong> o<br />

universo». E continua: «A libertação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> está em embrião nesta<br />

——————————<br />

120 Ib., p. 310 ss.<br />

121 Ib., p. 316 ss.

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