04.07.2013 Views

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

NÓS E A EUROPA 115<br />

a sua germinaçom como castelám), viaja a Burgos e Tole<strong>do</strong> 30 . In<strong>do</strong><br />

ainda mais longe, Adrián, pretenden<strong>do</strong> atingir e encarnar a alma de<br />

Castela, que ele com olhos de filósofo sintetiza no misticismo religioso<br />

e o rigorismo moral, inicia, com a visita a Burgos, um estu<strong>do</strong> sobre o<br />

«amor castelám» 31 que o leva a redigir umha noveleta, rematada tras<br />

a viage a Tole<strong>do</strong>, em que tais traços se plasmam graficamente 32 .<br />

Ora, na orige destas viages de Adrián está o seu desencontro com<br />

Madrid, que, em termos semelhantes, se repetirá, atenua<strong>do</strong>, em<br />

Burgos e, com mais intensidade, em Tole<strong>do</strong>. É, ao cabo, o seu desencontro<br />

com Espanha: Madrid nom é Europa 33 ,… nem Burgos, nem<br />

Tole<strong>do</strong>, … enfim, Espanha nom é Europa 34 . E, sem embargo, ele é<br />

europeu: polo menos, algo europeu, segun<strong>do</strong> corresponde à sua identidade<br />

– à sua formaçom – de estudante de filosofia e leitor de literatura<br />

europeas, sen<strong>do</strong> essas filosofia e literatura parámetros basilares<br />

na sua auto-comprensom, assi como nos seus julgamentos e posicionamentos<br />

acerca <strong>do</strong> ambiente à sua volta. E, ademais, Adrián é ainda,<br />

ja que destes traços ele se esforça em descolar-se, galego, com o qual<br />

tampouco é (ou é deficitariamente) espanhol. É por isso que ele, no seu<br />

deambular por Madrid e Castela, procura libertar-se da sua galeguidade,<br />

em que, de quan<strong>do</strong> em vez, involuntariamente recai 35 .<br />

Será, precisamente, umha dessas recaídas, durante a sua viage<br />

europea e na estada em Alemanha, o que marcará o fim da sua hejira<br />

e o início <strong>do</strong> seu retorno. Nessa viage, Adrián, graças aos amores com<br />

umha conterránea accidental (propriamente, umha urbanita transterrada,<br />

outrora fugaz vizinha, agora encontrada em Paris), instalara-se<br />

virtualmente no cosmopolitismo 36 , perspectiva que lhe permitia,<br />

com desapego e sem implicar-se demasia<strong>do</strong>, examinar e comparar as<br />

realidades de França, Espanha e Alemanha e prosseguir, com essa acti-<br />

——————————<br />

30 «Mancha e Serra cinguían baixo as estrelas o formigueiro de Madrí. Il, Adrián,<br />

comenzaba a arar n’aquilas terras. Non madrileño, castelán. Coidaba têr conqueri<strong>do</strong> a<br />

fórmula salva<strong>do</strong>ra» (Arre<strong>do</strong>r de si, p. 55).<br />

31 Eis o programa: «Adicar a primaveira o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> amor castelán. Un motivo.<br />

Tod’o esprito de Castela: honor, relixiosidade, traballo, tradición. O amor un motivo pra<br />

viaxes, esculcas, leuturas» (Arre<strong>do</strong>r de si, pp. 49-50).<br />

32 «Nosa señora das labercas» (Arre<strong>do</strong>r de si, pp. 94-100).<br />

33 Assi: Arre<strong>do</strong>r de si, p. 14, p. 16, p. 45.<br />

34 Umhas sínteses «aventuradas»: Arre<strong>do</strong>r de si, pp. 85-86.<br />

35 Por exemplo, quan<strong>do</strong> ele, escreven<strong>do</strong> á nai, tem umha pungente sensaçom, ao<br />

escrever no envelope «Galiza»: «Estarei <strong>do</strong>ente da redícola saudade? Ainda teño moito<br />

que refacer en min» (Arre<strong>do</strong>r de si, p. 52).<br />

36 Até, o cosmopolitismo, parecer ser o seu horizonte: Arre<strong>do</strong>r de si, pp. 124-125.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!