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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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PORTUGAL NA «BALANÇA DA EUROPA» 169<br />

Logo na dedicatória À Nação Portuguesa com que abre o escrito,<br />

Garrett a<strong>do</strong>pta e adapta o pressuposto com que começa o Emile, e que<br />

abre o primeiro capítulo <strong>do</strong> Contrato social de Rousseau. Somos por<br />

essência livres, por isso nos repugna a servidão, sen<strong>do</strong> a indiferença,<br />

neste último esta<strong>do</strong>, o pior <strong>do</strong>s males. Bênção providencialista contra<br />

a indiferença, é como Garrett lerá a violência miguelista.<br />

Por posicionamento intelectual bem ao sabor das Luzes, mais que<br />

pela experiência sofrida da própria vida e da da Pátria, que uma foi, o<br />

optimismo desempenhou papel fundamental na estruturação <strong>do</strong><br />

pensamento garrettiano, mais nota<strong>do</strong> na escrita de pen<strong>do</strong>r político.<br />

Fundamenta o autor este posicionamento na dinâmica de um poderoso<br />

movimento dialéctico que mobiliza a humanidade, e que se<br />

desenvolve segun<strong>do</strong> o critério, com força de lei natural, <strong>do</strong> progresso.<br />

Con<strong>do</strong>rcet, indefectível discípulo <strong>do</strong> genebrino, mostra-se constantemente<br />

ao longo das diversas tematizações que faz deste princípio.<br />

Em O Cronista (n.º 12, 20-26 Maio 1827), por exemplo, questionava-se:<br />

«Será possível que a verdade política haja de ser sempre uma quimera<br />

e a ciência política um sonho?». Três anos mais tarde assumiria a<br />

inquestionabilidade desta ciência e suas leis no enuncia<strong>do</strong> de uma<br />

certeza fundamental relativa ao destino das nações: «O povo há-de<br />

erguer o braço; não o duvidemos; há-de pelejar, e há-de vencer» 97 .<br />

Aliás, o senti<strong>do</strong> positivo da evolução histórica é nele presença recorrente,<br />

e gere-se, também, segun<strong>do</strong> o princípio da necessidade 98 , conforme<br />

o modelo de um mecanismo natural aplica<strong>do</strong> à ordem social.<br />

Veja-se como enuncia a fórmula em O Português:<br />

Existem em a natureza duas forças opostas (a centrípeta e a centrífuga)<br />

cujas leis, descobertas por Huygens, e aplicadas por Newton, governam<br />

o mun<strong>do</strong> físico. (…) À organização <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> social podemos aplicar a<br />

mesma teoria (n.º 96, 22 Fev 1827).<br />

No mesmo periódico, mas mais tarde (n.º 222 de 23 de Jul 1827),<br />

comparará a marcha <strong>do</strong> espírito humano ao rio que inexoravelmente<br />

——————————<br />

97 Id, PBE: 29. A mesma convicção com força de lei era já exprimida no ensaio<br />

publica<strong>do</strong> em 1826 Da Europa e da América, aplicada ao desenlace da luta das nações<br />

Ibéricas contra o invasor francês Napoleão. Transitará para o PBE sem qualquer alteração:<br />

«Triunfaram os povos, porque sempre a civilização e as luzes triunfarão, mais<br />

hora menos hora, da opressão e <strong>do</strong> engano» (pp. 77 e 52, respectivamente).<br />

98 M.ª Helena da COSTA DIAS et al. relevam esta dignidade concedida ao progresso<br />

que assim ultrapassava o mero sentimento de confiança. (250).

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