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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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FILOSOFIA DA EUROPA: QUESTÕES SOBRE A EUROPA 61<br />

ideia. Como europeus, não podemos querer senão um mun<strong>do</strong> onde<br />

nem a Europa nem qualquer outra cultura <strong>do</strong>mine as outras; um<br />

mun<strong>do</strong> no qual os homens se deixem livres uns aos outros, embora<br />

atingi<strong>do</strong>s na sua solidariedade por aquilo que aos outros acontece».<br />

E, numa súmula prospectiva, assevera: A ideia para que tendemos não<br />

é europeia, mas ocidental, porque inclui a América e a Rússia. Tende a<br />

tornar-se a ideia da humanidade» 122 .<br />

Há que reconhecer: quan<strong>do</strong> povos não europeus proclamam a<br />

liberdade, a autonomia contra o <strong>do</strong>mínio e a colonização, não se<br />

despem da europeização recebida, reactivan<strong>do</strong> os próprios valores<br />

europeus: com a europeização, a Europa ultrapassa as fronteiras da<br />

sua história estrita e põe em movimento um processo de civilização<br />

universal, em que ela mesma, os outros continentes e as demais<br />

culturas são partes de um to<strong>do</strong> racional, científico e técnico.<br />

2. Europa e a pessoa humana<br />

a) Federalismo e personalismo<br />

O problema <strong>do</strong> Uno, liga<strong>do</strong> à reflexão acerca <strong>do</strong> ser, fascinou os<br />

pensa<strong>do</strong>res, desde a aurora da filosofia; a procura sempre fecunda<br />

entre os que fazem referência a Parménides e os que se reportam a<br />

Heraclito mostra claramente a dificuldade em ligar unidade e multiplicidade,<br />

ser e não-ser, absoluto e relativo. Na verdade, é conatural ao<br />

pensamento humano evitar que a multiplicidade seja dispersa, sem<br />

unidade e, ao mesmo tempo, obstar a um conceito monolítico de<br />

unidade; quan<strong>do</strong> esta não permite a diversidade e os efeitos <strong>do</strong> seu<br />

mun<strong>do</strong> vital no plano político, o poder reforça-se no Esta<strong>do</strong> absoluto<br />

ou no Esta<strong>do</strong>-nação, pronto a anular as forças desagrega<strong>do</strong>ras que o<br />

podem pôr em crise. «O obstáculo a qualquer união possível da Europa<br />

——————————<br />

122 Ib., p. 318 ss.Vale a pena transcrever este extracto: «Num tal campo, as declarações<br />

que nos fazem os homens de Esta<strong>do</strong> são as mesmas: uma política de força não<br />

tem qualquer senti<strong>do</strong> para a Europa senão numa ordem mundial que a to<strong>do</strong>s dê a paz e<br />

à Europa as suas tarefas e as suas possibilidades. O perigo da guerra, que ameaça hoje<br />

destruir a humanidade ocidental, aumenta ainda a nossa vontade apaixonada de encontrar<br />

uma ordem mundial que exclua a guerra, não somente a guerra, mas para muito<br />

tempo, se não mesmo para sempre» (ib., p. 319).

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