04.07.2013 Views

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PORTUGAL NA «BALANÇA DA EUROPA» 149<br />

semens, que fez época. Aqui reconhece este famoso enciclopedista a<br />

decisiva contribuição da descoberta <strong>do</strong> caminho marítimo para a Índia<br />

para a manutenção da chama da liberdade europeia, que se poderia ter<br />

definitivamente extinto, se a alternativa comercial aos turcos não<br />

tivesse si<strong>do</strong> aberta por Gama 24 . Todavia, é o mesmo Raynal que reconhece,<br />

no tempo em que escreve, o esta<strong>do</strong> adianta<strong>do</strong> de um descalabro<br />

irremediável que a corrupção de dinheiros e poderes e a quebra de<br />

coragem, acicatadas por excessos inquisitoriais gera<strong>do</strong>res de intensos<br />

ódios, havia e continuava a condicionar 25 . Sabemos que Voltaire não<br />

fora menos crítico para com a nossa intolerância.<br />

Outros nomes, contu<strong>do</strong>, seguiram esta via comparativa <strong>do</strong>s nossos<br />

diferentes tempos históricos: O Comte d’Albon traça o quadro evolutivo<br />

através da nossa transformação de mestres de povos em nação<br />

indigente, povo escravo e país dependente e tributário das outras<br />

nações da Europa 26 ; o autor das Lettres sur l’état ancien et actuel de ce<br />

royaume faz contrastar a nossa antiga força de conquista, a que dá<br />

exposição na primeira carta <strong>do</strong> livro, com a perfeita nulidade actual,<br />

copiosamente demonstrada na segunda 27 ; até o editor de Bourgoing,<br />

só para dar um testemunho diferente, aviva a esperança longínqua<br />

de podermos alcançar a grandeza de um futuro/passa<strong>do</strong> 28 . Enfim, são<br />

alguns casos, entre muitos mais que poderíamos apresentar.<br />

A última observação que nos merece destaque, é a quase obrigatória<br />

referência diferencial ao polémico perío<strong>do</strong> pombalino. A maioria<br />

<strong>do</strong>s autores atribui ao Conde de Oeiras e futuro Marquês de Pombal<br />

uma acção governativa de claro pen<strong>do</strong>r positivo. Concretamente no<br />

campo da ilustração, os juízos são quase sempre laudatórios. O autor<br />

<strong>do</strong> État présent du royaume de Portugal retrata-o, muito ce<strong>do</strong>, como<br />

grande protector das letras e luta<strong>do</strong>r contra a ignorância 29 ; Caraccioli<br />

faz exprimir à figurada e viageira personagem Razão uma certa esperança<br />

de melhoria a partir da ambiência pombalina 30 ; Bourgoing 31<br />

——————————<br />

24 RAYNAL, Guillaume-Thomas, Histoire Philosophique et politique des établissemens<br />

et du commerce des Europeens dans les deux Indes, Genève, 1781, 1.º vol.: 131/132.<br />

25 Ib.: 243.<br />

26 Ver, por exemplo, D’ALBON, op. cit.: 148-152 e 156.<br />

27 STEVENS, Ph., Lettres écrites de Portugal sur l’état ancien et actuel de ce royaume.<br />

Traduit de l’anglais. Suivies du portrait historique de M. Le Marquis de Pombal. Londres<br />

et Paris, Chez L. Cellot, 1780.<br />

28 BOURGOING, op. cit.: V.<br />

29 Por ex: DUMOURIEZ, op. cit.: 294.<br />

30 CARACCIOLI, Voyage de la Raison en Europe. Par l’auteur des Lettres récréatives et<br />

morales. Compiègne, Chez Louis Bertrand et Paris, Chez Saillant et Nyon, 1772: 50.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!