04.07.2013 Views

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

Revista (PDF) - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

116<br />

DIACRÍTICA<br />

tude mundana, as suas lucubraçons filosóficas e europeístas. Curiosamente,<br />

serám as opinions e a actitude da sua amante, senhora <strong>do</strong><br />

paço de Portocelos, a respeito de Galiza o que desencadeará, em<br />

Berlim, a ruptura entre ambos. Sem embargo, o re-descobrimento e a<br />

re-valorizaçom de Galiza só se produzem, verdadeiramente, logo em<br />

Antuérpia, onde se dirigira para embarcar rumo ao porto d’A Corunha.<br />

Ali, nos peiraos e as dársenas <strong>do</strong> porto de Antuérpia, contemplan<strong>do</strong> o<br />

armazenamento e a circulaçom de merca<strong>do</strong>rias de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, em<br />

definitivo, os movimentos <strong>do</strong>s fluxos <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> capitalista internacional,<br />

é que Adrián apalpa a possibilidade, e enxerga a utilidade, de<br />

encaixar a vida (os lavores) da sua remota aldea ourensana, e a vida<br />

(a produçom) da sua pequena pátria galega, nas grandes correntes<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> 37 .<br />

Adrián volta à sua terra e assenta-se na sua herdade, a cujas fainas<br />

dedica os seus esforços, compatíveis com o exercício priva<strong>do</strong> da filosofia,<br />

a leitura e a meditaçom, e com a exploraçom de Galiza que,<br />

como lhe acontecera na viage de retorno, lhe parece ve-la por primeira<br />

vez, mesmo os lugares ja conheci<strong>do</strong>s. Ten<strong>do</strong> concilia<strong>do</strong>, persoalmente<br />

e interiormente, ser galego e ser europeu, agora cumpre conciliar, exteriormente<br />

e colectivamente, esses mesmos factos, conjugan<strong>do</strong> galeguismo<br />

e europeísmo 38 . O ideal que abraça e a empresa em que se<br />

integrará é a construçom da «Europa <strong>do</strong>s Povos» 39 .<br />

Noutra orde de cousas, é importante assinalar que Arre<strong>do</strong>r de si é<br />

um texto sustenta<strong>do</strong> por um nós, por umha voz narrativa 40 que, ainda<br />

que remete para o indivíduo Pedrayo, quer representar um sujeito<br />

colectivo, designadamente, o movimento galeguista, o nacionalismo<br />

galego, em que Castelao é umha figura capital.<br />

——————————<br />

37 Devi<strong>do</strong> ao facto de polo Atlántico passar as grandes correntes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

(Arre<strong>do</strong>r de si, pp. 135- 136).<br />

38 «Por Galiza e na Galiza era Adrián europeo e pranetario» (Arre<strong>do</strong>r de si, p. 150).<br />

39 Assi, ele imagina: «o futuro mapa da Europa. As fronteiras non eran liñas de<br />

aduanas sinon vidales zonas de transición entr’as armoñosas concenceas <strong>do</strong>s pobos»<br />

(Arre<strong>do</strong>r de si, p. 151).<br />

40 O narra<strong>do</strong>r situa-se, desde o início <strong>do</strong> romance, na posiçom (a consciéncia<br />

nacionalista) que, ao final, atinge Adrián. Sobre este ponto, e muitos outros, tem um<br />

enorme interesse a «leitura» <strong>do</strong> romance, com os «tópicos» estuda<strong>do</strong>s, que leva a feito<br />

F. Casal na sua Aula literaria (A Corunha, 1994, pp. 81-186).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!