Revista (PDF) - Universidade do Minho

CENTENÁRIO: KARL POPPER 2002 279
Joseph Agassi – professor catedrático das Universidades de Tel Aviv
e de York (Toronto), a traduzir, presentemente, várias obras de Popper
para o hebraico, entre as quais The Logic of Scientific Discovery – protagonizou
uma dupla intervenção no Congresso. Proferiu no dia 4
Julho (11.00 h.-12.30 h.), no âmbito da secção 6, a Gastvortrag «Metaphyics
and the Growth of Scientific Knowledge», onde procurou
mostrar que o critério de severo empirismo – inspirado em Mach –
precocemente adoptado por Popper para a determinação do estatuto
de teorias científicas estabelecidas e sempre mantido insuficientemente
reformulado, não só revelou ser pouco consonante com a sua
concepção do crescimento científico como, em última instância, o
impossibilitou de reconhecer cabalmente – apesar de evidências contrárias
na sua obra – a possibilidade de disputas metafísicas devirem
científicas. Dois dias mais tarde (16.00 h.-16.30 h.), no âmbito da
secção 3, apresentou a comunicação – recebida com alguma animosidade
por uma parte da audiência – «Psychoanalysis after the Holocaust»,
focada no argumento de que, muito embora em termos legais,
a permissão para o uso de uma tecnologia requeira a sua corroboração,
ou seja, a evidenciação da sua não prejudicialidade, a aplicação
das técnicas psicanalíticas aos traumas do Holocausto amplia-os, colocando
em questão toda a sua filosofia.
Alan Musgrave – que integrou o comité de programação do
evento, autor (juntamente com Gregory Currie) do ensaio Popper and
the Human Sciences (Dordrecht: Martinus Nijhoff, 1985) – interveio no
simpósio «Critical Rationalism and Induction», realizado, no âmbito
da secção 6, no dia 6 (11.00 h.-12.30 h.) com a comunicação «How
Popper [Might Have] Solved the Problem of Induction». Nela, o actual
professor da Universidade de Otago (Nova Zelândia), procurou
sustentar que a resposta de Popper – não secundada pela maior parte
dos seus continuadores – ao problema da indução tal como foi modernamente
articulado no argumento de Hume – cujo conteúdo, bem
conhecido, consiste na afirmação da irracionalidade das crenças que
transcendem as evidências com base nas premissas do cepticismo
indutivo e do princípio de que só é racional acreditar naquilo que pode
ser justificado – foi o denominado «racionalismo crítico» que aceita a
primeira premissa do argumento, mas rejeita a segunda.
A comunicação «Darwinism is the Application of Situational Logic
to the State of Ignorance», apresentada no dia 6 (9.05 h.-9.35 h.), no
âmbito da secção 2, por David Miller – que integrou, igualmente, o
referido comité, colaborador activo, de longa data, na publicação de
vários textos de Popper – constituiu o primeiro dos contributos do