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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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NÓS E A EUROPA 119<br />

Em Espanha, Galiza é, como ja assinalámos, umha «naçom sem<br />

esta<strong>do</strong>», o que nom sempre aconteceu assi, pois ja tivo instituiçons<br />

políticas soberanas, e o que, como tampouco se cansa de indicar Castelao,<br />

estaria entran<strong>do</strong> no ponto de poder ser corrigi<strong>do</strong>, com a conquista<br />

e a implementaçom da autonomia 50 . Esta, com o horizonte da<br />

federalizaçom <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> republicano, deveria acarretar o início <strong>do</strong><br />

final <strong>do</strong> desarranjo institucional e instabilidade política ja seculares,<br />

devi<strong>do</strong> ao facto de, ao seu ver, em Espanha haver quatro naçons<br />

(Galiza, Euskadi, Catalunya e Castela) mas um só esta<strong>do</strong>, indevidamente<br />

chama<strong>do</strong> espanhol pois é só castelám, que, em consecuéncia,<br />

disturba, constrange e mesmo esmaga a existéncia das outras tres<br />

naçons 51 . Ora bem, Castelao nom pretende acabar com Espanha,<br />

senom que quer reconstrui-la democraticamente 52 : por isso, entende<br />

que este esta<strong>do</strong>, o espanhol, nom tem que dissolver-se e desaparecer,<br />

senom que ele deverá existir e funcionar como umha «uniom<br />

pactada» 53 entre as quatro naçons, única garantia possível para os<br />

direitos, a liberdade e a solidariedade, nom só <strong>do</strong>s indivíduos senom<br />

tamém <strong>do</strong>s povos que integram Espanha. Esta nova complexom democrática,<br />

o esta<strong>do</strong> federal, supom a autodeterminaçom <strong>do</strong>s povos hispanos<br />

e implica a «divisom da soberania» espanhola 54 . Pois bem, este<br />

processo, de segmentaçom e agregaçom, é similar ao requeri<strong>do</strong>, a umha<br />

outra escala, para a construçom da Uniom Europea, tal como é entendida<br />

em Sempre en Galiza. É mais, a trasformaçom de Espanha é, por<br />

outra parte, um passo – umha etapa – na construçom europea.<br />

A tarefa de Galiza, em Espanha, é efectivar a passage da subordinaçom<br />

à coordenaçom. Primordialmente, deve mudar-se a si própria,<br />

——————————<br />

50 O Estatuto de Autonomia de Galiza foi aprova<strong>do</strong> em plebiscito o 28 de junho<br />

de 1936 e, após inúmeras vicissitudes, tomou «esta<strong>do</strong> parlamentário» o 1 de fevreiro<br />

de 1938, nas Cortes da República celebradas em Montserrat. Ambos os processos, em<br />

que interviu activamente Castelao, som longamente relata<strong>do</strong>s em Sempre en Galiza.<br />

51 É tema profusa e profundamente trata<strong>do</strong> no texto. Um exemplo: «Can<strong>do</strong> un<br />

Esta<strong>do</strong> abrangue unha realidade heteroxénea ten a obriga de recoñecer e protexer, por<br />

igoal, a todal-as partes nacionaes que o compoñen, para suprimir os motivos de conflito,<br />

en ben da sua esistencia e unidade» (Sempre en Galiza, p. 443).<br />

52 Assi, ele afirma « […] non intentamos tronzar a solidaridade <strong>do</strong>s povos hespañoes<br />

– reforzada por unha convivencia de séculos – senón máis ben posibilitar a reconstrución<br />

da gran unidade hispana, ou ibérica», desde a posiçom e na perspectiva que ele<br />

chama de «demócratas verdadeiros» (Sempre en Galiza, pp. 55-56).<br />

53 Assi: «nós estamos seguros que as realidades hespañolas somentes se aveñen a<br />

unha unidade pactada» (Sempre en Galiza, p. 304). Ora, esta «unión pactada» (Sempre en<br />

Galiza, p. 312) deve contemplar, ainda, unha «lei de divorcio» (Sempre en Galiza, p. 436).<br />

54 A expressom é de Castelao (Sempre en Galiza, p. 162).

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