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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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234<br />

DIACRÍTICA<br />

havé-las senom entre aqueles que existe algo em comun. Por isso,<br />

porque com ele «nom se tem nada em comum» (1161b3), nom som<br />

possíveis co «escravo em quanto escravo» (1161b2). Mas si cabem,<br />

com ele, «algumha» justiça e amizade, em quanto «que é (um ser)<br />

humano» (1161b7): pois, segun<strong>do</strong> Aristóteles, «parece existir umha<br />

espécie de justiça» (1161b5), e «assimesmo tamém umha espécie<br />

de amizade» (1161b7), entre «to<strong>do</strong> (ser) humano e to<strong>do</strong> o capaz de<br />

participar dumha lei ou convénio» (1161b6-7). Por isso, quase nom hai<br />

nem amizade nem justiça na tirania, onde só cabem em pequena<br />

medida, e, pola contra, nom ocorre o mesmo na democrácia, porque,<br />

nela, «sen<strong>do</strong> iguais – os cidadáns – tenhem muitas cousas comuns»<br />

(1161b9-10). Como vemos, nesta revisom, Aristóteles esquece a oligarquia<br />

e o seu análogo, o matrimónio regi<strong>do</strong> pola mulher, em que por<br />

força, haven<strong>do</strong> mais em comum, terám que poder dar-se umhas<br />

maiores amizade e justiça.<br />

Sobre a relaçom home-mulher, volve Aristóteles no cap. 12, ao examinar<br />

a amizade na(s) comunidade(s) entre parentes: a paternal, a fraternal<br />

e a matrimonial. Considera-as todas dependentes ou, mais bem,<br />

derivadas da paternal: quer dizer, <strong>do</strong>s vínculos trava<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s<br />

progenitores. A respeito da «paternal» (1161b17), insiste na imensa<br />

déveda filial (existéncia, criança, educaçom) e nos caracteres <strong>do</strong> relacionamento<br />

anteriormente (no cap. 11) salienta<strong>do</strong>s, mas nom volve<br />

sobre a sua naturalidade (mencionada ja no cap. 1 e relembrada no<br />

cap. 11). «A respeito da fraternal» (1162a10), só retoma alguns traços<br />

ja antes ditos. A respeito da «amizade entre o home e a mulher»<br />

(1162a16), Aristóteles entra mais em matéria.<br />

Primeiro, salienta o seu fundamento natural: esta amizade parece<br />

«fundar-se na natureza» (1162a16-17), pois «o humano por natureza<br />

tende a viver em parelha/s antes que em cidade/s» (1162a17-18), na<br />

medida que, por de pronto, «é mais primordial e mais necessária a<br />

casa que a cidade» e que, além disso, «a procriaçom é mais comum cos<br />

animais» (1162a18-19). Em segun<strong>do</strong> lugar, Aristóteles recorda a especificidade<br />

(humana) desta relaçom entre home e mulher, pois «os<br />

humanos coabitam nom só para a procriaçom senom tamém para os<br />

demais fins da vida» (1162a20-22), insistin<strong>do</strong> neste ponto na diferença<br />

de funçons e virtudes <strong>do</strong> home e a mulher, facto que, em terceiro lugar,<br />

se traduze numha complementariedade entre ambos mas tamém<br />

numha subordinaçom da segunda ao primeiro. Por último, como assimesmo<br />

entre os irmáns e para cos progenitores, na parelha cabem o<br />

prazer e a utilidade e até a virtude como motores ou baseamentos<br />

da amizade. Esta vai ser a única via, quan<strong>do</strong> nom dispom da riqueza

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