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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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142<br />

DIACRÍTICA<br />

Na idade moderna, o nome adquirirá importante posicionamento<br />

através de uma forte vertente de pen<strong>do</strong>r laico. O século XV assistirá,<br />

então, ao fenómeno, que se havia de prolongar, <strong>do</strong> nascimento <strong>do</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong>s Modernos. Portugal estaria entre os primeiros com a Inglaterra,<br />

a França e a Espanha, e desempenharia entretanto, talvez mais<br />

que qualquer um, papel determinante na autonomização e superioridade<br />

da realidade civilizacional europeia, como reconhecem a generalidade<br />

das Histórias da Europa e nomes bem nota<strong>do</strong>s, como o <strong>do</strong><br />

enciclopedista Raynal. E na verdade, este país de Bartolomeu Dias e<br />

Gama, forneceria paradigmas modelares, determinaria senti<strong>do</strong>s de<br />

desenvolvimento, abriria perspectivas à construção de uma nova e<br />

característica Europa.<br />

É nesta dinâmica de formação de esta<strong>do</strong>s modernos com administrações<br />

organizadas para além das simples relações pessoais e obrigacionais<br />

para com o rei, e com sistemas de impostos e exércitos<br />

permanentes, que adquirem pertinência inquestionável os conceitos de<br />

equilíbrio e concertação. Exige-os, por um la<strong>do</strong>, a convivência pacífica<br />

entre os Esta<strong>do</strong>s, concretamente entre os mais poderosos; por outro, e<br />

no limite, a sua subsistência. Eis a base circunstancial <strong>do</strong> aparecimento<br />

da figura balança da Europa. Ela ditará a regra primordial das<br />

relações: que nenhum Esta<strong>do</strong> concentre tanto poder que impossibilite a<br />

autonomia e a liberdade de acção de outros. Como se vê, ela é, à primeira<br />

vista, uma regra de paz. Contu<strong>do</strong>, transporta, simultaneamente,<br />

potenciais e perigosas perversidades. O joguete arbitrário sobre os de<br />

menor poder como garantia de preservação <strong>do</strong> equilíbrio <strong>do</strong>s mais<br />

fortes, não foi das menores nem das menos frequentes, como a história<br />

<strong>do</strong> velho continente demonstra. A Polónia sentiu bem tal martírio. Mas<br />

para além disso, será prática que alimentará também nacionalismos<br />

violentos que farão encarar o desejo da paz e o sonho da unidade<br />

europeia como meras utopias ou muito longínquas das realidades.<br />

De qualquer forma, não deixou de se ir delinean<strong>do</strong> e construin<strong>do</strong><br />

a consciência ou, pelo menos, o sentimento de uma identidade própria.<br />

E ainda que subsistin<strong>do</strong> indeterminações geográficas e imaturidades<br />

e volubilidades políticas, uma profunda e generalizada convicção<br />

se tornaria critério de especificidade e diferenciação. Tomamos<br />

aqui o senti<strong>do</strong> da fórmula de Paul Hazard: «“…a Europa ultrapassava<br />

em todas as coisas as outras partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>”» 3 . Pois bem, neste<br />

——————————<br />

3 HAZARD, Paul, O pensamento europeu no século XVIII. Lisboa, Editorial Presença,<br />

1983. Ver, também, a propósito, a «Introdução» à História da Europa, de Jean Carpentier<br />

e François Lebrun (Lisboa, Editorial Estampa, 1996- 2.ª ed.).

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