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Baixar - Proppi - UFF

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essa linha facilmente, talvez porque ela também fosse transpassada, com alguns dos<br />

funcionários da UFI, através de conversas sobre perspectivas teóricas, autores, cursos<br />

universitários, e outros tópicos menos ‘enlameados’ que as ruas do conurbano. A partir<br />

daí, muitas vezes, eles se colocavam em um lugar intermediário, mais do que esotérico e<br />

distante da sociedade. De qualquer modo, a tensão entre perspectivas e identidades<br />

estava presente e era importante para meu papel como “antropóloga da UFI” como<br />

diziam eles, ou, como diria Geertz, a “antropóloga na UFI”.<br />

Semelhantes, mas diferentes<br />

Fazer parte da mesma sociedade, e ainda mais, do mesmo setor e/ou grupo social<br />

que o/s interlocutor/es pode contribuir para conhecer melhor as possíveis variáveis que<br />

uma interação pode implicar. Nesses contextos parecemos nos mover com um grau<br />

relativamente bem sucedido de conhecimento sobre os possíveis efeitos e conseqüências<br />

de nossos atos; o quê dizer, como falar, qual vestimenta usar, como olhar. Por isso em<br />

alguns casos podemos prever (e prevenir) em alguma medida aquilo que estamos<br />

interessados em transmitir. Contudo, essa pertença a um mesmo setor ou grupo social<br />

pode ser apenas um suposto de seu portador. Isso não quer dizer que seja falsa (ou<br />

verdadeira), mas que, do ponto de vista daquele com quem você interage tal<br />

pertencimento comum não seja tal. Descobrir essa distância na proximidade foi, para<br />

mim, uma lição reveladora.<br />

Os “direitos humanos”<br />

Quando na “Mesa de Entradas” da UFI 1, falei para a funcionária que eu ali<br />

estava “de parte da advogada do CELS, Maria Quiroz”, me senti portadora de uma<br />

identidade que não era minha. Como mencionei no capítulo 1, o “CELS” é o Centro de<br />

Estúdios Legales y Sociales. É, na Argentina, um conhecido organismo não<br />

governamental de defesa dos direitos humanos, criado durante a ditadura militar. Ele<br />

tem uma forte representação associada a causas sobre violações de direitos nesse<br />

período, mas também em casos de violência institucional em vigência do regime<br />

democrático (“violência policial”, “tortura”, “condições inumanas de detenção”, etc.).<br />

Na época, Maria Quiroz estava desenvolvendo um relatório sobre casos de autos de<br />

resistência e as respostas judiciais a eles, no departamento de Los Pantanos entre os<br />

anos 2001 e 2006 (CELS, 2008:119-145). Por conta desse levantamento de processos,<br />

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