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Baixar - Proppi - UFF

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CAPÍTULO 1<br />

Em abril de 2010 viajei, mais uma vez, do Rio de Janeiro para Buenos Aires.<br />

Tinha dois “compromissos” com meu trabalho de campo. O primeiro deles correspondia<br />

a uma situação completamente inédita para mim. Estava sendo proposta, por uma das<br />

partes de um processo, para depor como antropóloga, em um “juicio oral” de um caso<br />

de “violência policial”. O segundo referia à realização de um “juicio oral” por<br />

“homicídio” cuja investigação tinha acompanhado de forma próxima durante meu<br />

trabalho de campo na UFI em Los Pantanos. Ambas as situações tinham relevância para<br />

minha pesquisa. Na primeira, porque seria a primeira vez que participaria de um<br />

julgamento fora do lugar de observadora e teria uma intervenção como depoente. No<br />

segundo, porque seria a primeira vez que observaria o julgamento de um processo do<br />

qual tinha acompanhado pessoalmente a etapa de investigação. Anteriormente, ou tinha<br />

observado a investigação de certos casos, sem posteriormente acompanhar o julgamento<br />

(caso houvesse), ou bem tinha observado julgamentos sobre casos que desconhecia<br />

como tinha sido a etapa de investigação.<br />

Ambas as situações despertaram, por esses motivos, expectativas quanto à<br />

possibilidade de aprofundar as diferenças que vinha observando entre as etapas de<br />

investigação e de julgamento de um caso. A primeira, formalmente, baseada no registro<br />

escrito das informações produzidas; a segunda, caracterizada por ser desenvolvida em<br />

audiências orais e públicas, sem registro literal e total do que nelas acontecesse.<br />

Contudo, uma vez vivenciadas ambas as experiências etnográficas, outras questões<br />

suscitaram também meu interesse. Para esse momento, eu já tinha começado a escrever<br />

esta tese e uma questão se revelava significativa na minha análise. Como a figura do<br />

“bairro” intervinha, ou não, na construção do processo de investigação, de julgamento e<br />

de produção de uma verdade judicial. A observação dos dois “juicios” me permitiu<br />

também aprofundar esta questão, contrastando dois casos nos quais a presença do<br />

“bairro” me permitia um questionamento fundamental: quem era o “bairro”? Quem se<br />

definia, como e quando como “bairro” e qual legitimidade tal definição alcançava no<br />

âmbito judicial? Este capítulo trata sobre o primeiro juicio citado. Sobre o segundo trata<br />

o último capítulo desta tese (Capítulo 8).<br />

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