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Baixar - Proppi - UFF

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a muitas outras ruas do conurbano, eram lojas anexadas às casas de seus donos. Seus<br />

clientes eram atendidos pelas janelas das suas moradias, quando tocavam uma<br />

campainha ou batiam palmas anunciando sua chegada. As calçadas eram largas, com<br />

uma parte de asfalto e outra de grama, mais próxima da rua. Durante o dia, o<br />

movimento da rua era significativo. Algumas pessoas passavam andando, outras de<br />

bicicleta ou de moto. No final da tarde, era freqüente ver grupos de adolescentes<br />

reunidos nas esquinas. Muitas vezes bebendo cerveja, outras conversando encostados<br />

nas suas bicicletas. Com o decorrer do processo de investigação, como assinalarei mais<br />

adiante, esse hábito transformaria a “esquina” em um lugar de interesse investigativo e<br />

também, a meu ver, de relevante significação sociológica.<br />

Naquela noite de 30 de junho, enquanto Santiago e Quique conversavam, passou<br />

uma moto com outros dois jovens. Poderiam ter sido dois de seus amigos do bairro, mas<br />

não eram. Um deles desceu da moto, enquanto outro se afastava rapidamente. Aquele<br />

que desceu disse para Quique que lhe entregasse a moto. Algumas fontes da<br />

investigação disseram que Santiago lançou a garrafa de vidro na cabeça do jovem, mas<br />

isso não foi finalmente confirmado. A seqüência de fatos reconstruída pelos<br />

funcionários judiciais conta que o jovem se atracou com Santiago e os dois caíram no<br />

chão. E aí aconteceria o inesperado: o jovem puxou uma arma e atirou um primeiro<br />

disparo contra Santiago. Este, do jeito que pôde, chegou com seu corpo ferido até a<br />

calçada. Quique, ferido nas nádegas por um segundo disparo, se aproximou para ajudálo.<br />

Foi quando o outro jovem fugiu do lugar, com a moto de Quique. Uma mancha de<br />

sangue ficou na rua e outra na calçada.<br />

O barulho dos disparos chamou a atenção da dona do quiosque e de sua filha,<br />

que permaneciam no interior da casa atentas ainda à chegada de possíveis clientes.<br />

Ambas intervieram posteriormente como testemunhas do processo judicial. A dona do<br />

quiosque correu até a casa de seu Júlio, que continuava assistindo televisão.<br />

Desesperada, gritou “seu filho! seu filho! venha que atiraram nele! está aqui à volta!”.<br />

Quando seu Júlio chegou à calçada, viu seu filho de bruços no chão. Imediatamente, no<br />

carro de um vizinho, seu Júlio e o irmão de Santiago conduziram a ele e Quique para o<br />

hospital mais próximo.<br />

Lá foram atendidos. Mas Santiago não resistiu aos disparos e morreu no<br />

hospital. Quique que, como dissera tempos depois na UFI, tinha visto “como<br />

disparavam contra meu primo na minha cara”, descontrolado e desesperado, fugiu do<br />

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