01.06.2014 Views

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

perguntavam à testemunha: “Esses são seus ditos?” ou “está bem?”. Qualquer que fosse<br />

a resposta, pediam para contar novamente o que tinha acontecido ou para brindar mais<br />

informação sobre pontos específicos.<br />

Sebastián já tinha uma forma diferente. A testemunha começava o depoimento e,<br />

dependendo das informações relatadas, podia, no meio do relato, ler uma parte da ata<br />

policial, ou bem fazer referência a ela. Ele tomava os depoimentos com o sumário<br />

policial aberto na folha da ata. Portanto, as perguntas pareciam se orientar sobre o já<br />

deposto. Acontecia isso especialmente nos depoimentos de policiais, que não eram<br />

muito verborrágicos nos seus relatos, além de nem sempre se lembrar bem das<br />

especificidades do procedimento.<br />

Sebastián: “que não se lembra a hora”... o senhor me disse que não lembra da<br />

hora quando aquele homem foi lá, não é?<br />

Policial: sim.<br />

Sebastián: o senhor saiu [da viatura] para urinar?<br />

Policial: foi meu companheiro.<br />

Sebastián: “...que se apresenta um senhor de cabelo curto...”?<br />

Policial: sim, curto.<br />

Sebastián: “…que ia acompanhado de uma mulher”?<br />

Policial: sim, uma mulher loira.<br />

Sebastián: “que disse que tinha um problema”?<br />

Policial: sim, que sua mulher tinha um problema com o vizinho.<br />

Igualmente, também Valeria não lia a ata policial desde o início. Ela deixava a<br />

pessoa fazer seu relato e, eventualmente, no final comentava que o mesmo era parecido<br />

com aquela, mas que, mesmo assim, ela faria uma nova ata. De qualquer forma, em<br />

todos os casos que a testemunha tivesse deposto na sede policial, a ata de depoimento<br />

na UFI começava indicando: “Que ratifica o exposto no seu depoimento anterior, sem<br />

prejuízo do qual expõe que...”. Seguindo, então, o depoimento judicial, mais ou menos<br />

parecido com o policial. Também aconteceu que a testemunha não “ratificasse” a ata<br />

policial e quisesse dizer outra coisa. Foi o caso de seu Santana, indignado com o<br />

depoimento que o policial tinha registrado dele sobre a situação com seu filho. Na<br />

conversa com Pedro, foi o próprio Santana que pediu para Pedro ler para ele o<br />

depoimento policial porque, naquela ocasião, “estava sem óculos de ler e há coisas que<br />

eu não disse”.<br />

Mesmo tendo lido a ata policial na hora de sua confecção, algumas testemunhas<br />

manifestavam diferenças entre aquilo escrito e aquilo que tinham dito. Também<br />

acontecia na sede da UFI com as atas judiciais, só que estas eram corrigidas na hora. Por<br />

189

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!