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Baixar - Proppi - UFF

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Bruno: bom, espere. Eu sei que isto tem um fundo familiar, mas aqui há um<br />

processo penal. Então tudo o que disser pode ser usado contra o senhor. Isso<br />

aqui é a promotoria. Essas coisas aí o senhor deve conversar com seu defensor.<br />

Com qual defensor você se entrevistou?<br />

Alonso: não sei o nome, é o número “y”. Disseram que não fazia sentido eles<br />

virem aqui porque era óbvio que eu tinha razão, mas agora como é a primeira<br />

vez que estou aqui quero que venham. O senhor acha necessário?<br />

Bruno: não é que seja ou não necessário, é seu direito.<br />

Alonso: eu penso que se eu errar, não de mentir, mas de me confundir, ela [da<br />

defensoria] pode me ajudar.<br />

Bruno: ela vai estar para controlar que eu não coloque coisas que o senhor não<br />

disse e também pode fazer que o senhor não responda alguma coisa que eu lhe<br />

perguntar.<br />

Alonso: sim, eu quero que a chamem.<br />

Bruno ligou para a defensoria, uma diferente da vez anterior. O senhor e eu<br />

ouvíamos apenas a fala do Bruno ao telefone. Do outro lado, devem ter perguntado por<br />

que tinham que subir se o senhor já tinha tido a entrevista. “Sim, mas eu devo tê-lo<br />

atemorizado e agora ele quer que venham”. Pausa. “Eu sei que é um problema familiar,<br />

mas ele me disse que vai depor”. Finalmente, desceu uma funcionária da defensoria,<br />

com o cargo de “oficial quinta”.<br />

Bruno: você a conhece?<br />

Alonso: não.<br />

Oficial 5: sim! Da defensoria! Eu estava em outra sala.<br />

Bruno: se você quiser tem direito de pedir que venha o defensor titular ou pode<br />

se conformar com a presença da oficial.<br />

Alonso: não, com ela está bem. É apenas por nervosismo... porque as coisas são<br />

como diz aí (no fato que leu Bruno) só que de outra forma.<br />

Com presença da funcionária da defensoria, Bruno passou a tomar o<br />

depoimento. Bruno explicou que entendia o conflito familiar, mas que ele, como<br />

promotor, devia estabelecer se havia existido um “furto” ou não. “Apesar de não<br />

acreditar em tudo o que o senhor falou, eu vou arquivar o processo e não vou fichar o<br />

senhor para não trazer mais problemas”.<br />

Todos os “imputados” aos quais se tomava o “308” eram levados ao subsolo do<br />

prédio à O.T.I.P. – Oficina Técnica de Identificação Pessoal. Lá um grupo de<br />

funcionários tomava os dados deles, fotografava seus rostos, tomava suas digitais e,<br />

finalmente, ingressava essas informações em um sistema único do departamento<br />

judicial. O fato do Bruno decidir não “fichar” Alonso dava conta da perspectiva com a<br />

qual tinha tomado o caso, ouvindo a versão dele e decidindo arquivar o processo,<br />

embora não “acreditasse” integralmente no que Alonso lhe contava. Para Bruno, não era<br />

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