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Baixar - Proppi - UFF

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efetivamente perto da casa do Topo, esse fato voltava a reforçar a hipótese do Topo<br />

como “autor”. Isso, de alguma maneira, “podia inocentar Cacá” do processo e<br />

reconduzir, novamente, a linha de investigação sobre a qual vinham avançando.<br />

Anteriormente, Sebastián já tinha solicitado para a “juíza de garantias”<br />

autorização para aquele “allanamiento”. No entanto, a juíza a tinha negado, justificando<br />

que “o certo é que o endereço cujo ingresso forçoso é pretendido tem sido obtido pela<br />

instrução através de averiguações praticadas no local, sem verter no seu relato a<br />

identidade das pessoas que forneceram a informação afirmada”. A situação aludida e<br />

impugnada pela juíza era a seguinte: o dono da casa onde a moto tinha sido vista em<br />

momento nenhum tinha deposto no processo; a moto tinha sido translada para a casa de<br />

outro jovem apelidado Rengo, cujo endereço era conhecido através de um “informante”<br />

de Marconi, que teria lhe passado anonimamente essa informação.<br />

Informações como essas requeriam um tipo especial de tratamento para poder<br />

ser utilizadas judicialmente. Como mencionei no Capítulo 5, uma das técnicas de<br />

investigação muito comum entre os policiais da Bonaerense era a construção,<br />

manutenção e utilização de uma rede de “informantes”, também chamados “buches” 234 .<br />

Segundo me explicaram os policiais da Divisão, os “informantes” deles eram “os<br />

malandros de uma área, que são as pessoas que conhecem a rua, o bairro”. Mas, havia<br />

diferentes tipos de “informantes”, dependendo da posição do policial e também do tipo<br />

de negociação estabelecida com a polícia. Os policiais que trabalhavam em comisaría<br />

tinham uma área de intervenção determinada; portanto, seus informantes eram,<br />

geralmente, aqueles que “roubavam” no território por eles controlado. A negociação<br />

com eles, geralmente, passava pela “liberação de zonas” para roubar, em troca de<br />

informações sobre outros crimes considerados mais relevantes. Já o pessoal das divisões<br />

de investigação, como Marconi, Martínez e seus colegas, não trabalhavam em um<br />

território pré-definido. Então, o poder de troca destes policiais era menor; seus<br />

“informantes” podiam ser apenas pessoas de um lugar que se jactassem de ser “amigos<br />

da brigada”, ou ainda comerciantes que simplesmente passavam dados para estes<br />

policiais. Nos comentários que ouvi em relação a esta “antiga instituição policial”, podia<br />

se perceber uma relação ambígua por parte dos promotores em relação ao uso dos<br />

234 O termo “buche” refere à parte da boca de um pássaro, onde armazena parte da comida que vai ingerir.<br />

A expressão “desembuchá” ou “larga el buche” refere a soltar informação retida.<br />

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