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Baixar - Proppi - UFF

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a seus clientes “que digam tantas idiotices”. “Advogados particulares! São horríveis!”,<br />

tinha dito.<br />

Naquele dia de setembro, segundo me contou Sebastián, o “imputado” disse que<br />

tinha no dia do “fato” tinha jantado com o cunhado, o qual lhe deu uma pílula para<br />

dormir e, por isso, teria dormido com “sua garota” até as 10h. Sebastián disse que, em<br />

função desse depoimento, tinha chamado a garota e o cunhado para confirmarem –ou<br />

não- a versão do jovem. Sebastián agregou que “a garota deveria ser muito sólida,<br />

porque a prova contra o jovem era contundente”. Se não fosse, poderia processar ela por<br />

“falso testemunho”.<br />

Perguntei como saberia se estava sendo “sólida”. “Você se dá conta se mente,<br />

depende do que ela disser que fizeram. Também pode acontecer que diga para o<br />

advogado que vai dizer uma coisa, mas aqui se quebre e diga a verdade”, explicou.<br />

Pensei que a garota deveria ser (ou parecer ser) realmente “sólida”, pois o que parecia<br />

firme era a hipótese do promotor. A participação do advogado também dava uma<br />

tendência particular à avaliação de Sebastián sobre o desempenho da garota. Ele parecia<br />

dar por seguro que o advogado lhe diria o que tinha que dizer. Logo em seguida,<br />

Sebastián introduziu outra variável para continuar me explicando sua possível<br />

percepção do depoimento. “Também depende, porque se a garota, e talvez também o<br />

cunhado, forem malandros, aí se cobrem entre eles. Há casos de ‘falso testemunho’ por<br />

código de bandos, porque eles não depõem contra os companheiros. E, nesses casos, [a<br />

pena pelo] o crime de ‘falso testemunho’ é muito menor aos antecedentes que eles têm”.<br />

Naquele dia de novembro, Sebastián entrou na sala de Valeria e me disse que a<br />

“garota do álibi” tinha ido depor. “Eu sabia que ela ia me mentir, mas ela foi segura e o<br />

advogado muito hábil; se eu não indagasse mais um pouco passaria como que naquela<br />

noite estiveram juntos até as 9h”. “E não estiveram?”, perguntei. “Primeiro parecia que<br />

sim, mas depois disse que foi de sexta para sábado porque o filho sai e ela aproveita<br />

para ficar, e o fato foi de quinta para sexta”.<br />

Chegou o horário do almoço. Fomos todos para a sala de Diego e Pedro. Quando<br />

entrei Diego estava reclamando sobre o depoimento de um policial em um processo de<br />

“extorsão” de outros dois policiais a um vizinho do bairro onde estes faziam o<br />

policiamento. “O cara arranca mentindo com babaquices e você já não acredita em mais<br />

nada do que ele diz”, disse Diego indignado, como se o depoente achasse que ele não<br />

fosse notar a “mentira”.<br />

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