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Baixar - Proppi - UFF

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testemunha”. A citação escrita levada por um oficial de justiça 190 , ou por um policial, a<br />

“força pública”, o contato dos policiais na rua, os telefonemas desde a UFI, ou o contato<br />

pessoal dos promotores em atos judiciais ou no “local dos fatos”, eram mecanismos que<br />

variavam dependendo do “local dos fatos”, do tipo de conflito envolvido no processo<br />

judicial, das testemunhas e de sua vinculação com os envolvidos no processo.<br />

Na procura de testemunhas: os familiares e o bairro<br />

Conversando com advogados e defensores, também percebi que a tarefa de<br />

busca de testemunhas implicava certas particularidades. Eles manifestavam receio de<br />

serem eles quem procurassem diretamente por testemunhas.<br />

Eu, ir buscar testemunhas fora não vou; eu não vou buscar testemunhas pelo<br />

bairro para ver o que elas viram. Os familiares podem ir, podem ir ao lugar,<br />

perguntar. Eu preciso da certeza de que vão declarar a favor do meu defendido,<br />

mas deixo essa responsabilidade com eles. (Entrevista com Dr. Fellini,<br />

07/05/09).<br />

Qual era a “responsabilidade” que o Dr. Fellini deixava com os familiares que<br />

contatassem uma testemunha? Entendi melhor isso após várias entrevistas com outros<br />

advogados. Em especial com uma defensora pública atuante na etapa de juicio oral.<br />

Lucía: como defensora, mantém entrevistas com as testemunhas?<br />

Defensora: eu tento ter, mas às vezes você corre o risco de que no debate digam<br />

“sim, porque eu estive com a defensora e ela me disse que...”. Aconteceu<br />

comigo uma vez que o imputado dizia que ele tinha testemunhas de que ele não<br />

tinha estado no lugar, então eu falei com a mãe do imputado e lhe disse “bom,<br />

senhora, tem que me trazer a essas testemunhas, saia a procurá-las”. No juicio<br />

oral, a promotora perguntou à testemunha: “o senhor como soube da data do<br />

juicio?”, “ah, porque pelo bairro se dizia que a defensora estava procurando<br />

testemunhas para salvar este garoto”. E eu querendo me meter embaixo da mesa!<br />

Lucía: e a lei não permite fazer isso?<br />

Defensora: sim, mas perde credibilidade, e também não fica bem que o defensor<br />

público, não digo que saia a procurar, mas não fica bem quando há uma indução<br />

para que a testemunha diga ou não diga tal coisa...o testemunho é a prova mais<br />

frágil do processo, porque você com as pessoas corre o risco de mudanças de<br />

atitude na hora.<br />

A responsabilidade referida pelo advogado Fellini tinha relação com o fato da<br />

testemunha perder credibilidade. Se ela manifestasse que tinha se reunido com o<br />

190 Existia uma resolução da Corte Suprema provincial (498/06, 9/05/2007) que resolve que as<br />

notificações em processos nos quais se investigam torturas ou maus tratos serão realizadas por pessoal da<br />

Oficina e Delegações de Mandamentos e Notificações dependente da Corte, evitando dessa forma a<br />

participação de pessoal policial ou do Serviço Penitenciário.<br />

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