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Baixar - Proppi - UFF

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“Cheguei a La Plata em um mau momento. Era como uma intervenção e não<br />

conhecia ninguém. Cheguei a um lugar hostil, estava tudo pegando fogo. Já<br />

estava intervindo em um julgamento contra policiais por um roubo de<br />

automotor. Por esse caso fui ameaçado e tive denúncias contra mim”, respondeu<br />

o chefe.<br />

Não conhecer ninguém parecia não tê-lo deixado à vontade. E estar envolvido<br />

em outro processo contra policiais também parecia complicar sua intervenção. De forma<br />

diferente, mas complementar, o investigador principal da Divisão de Homicídios, em<br />

seu depoimento, deixava transluzir como ‘conhecer alguém’ podia fazer que os “fatos”<br />

se desenrolassem de outra forma.<br />

Um policial [se refere a Jiménez, que auxiliou Talarico na apreensão de Dario], a<br />

quem conheço porque me deu uma mão em outro fato, se aproxima e me diz ‘eu<br />

sempre em confusões’ e me conta que Talarico estava furioso, que deu um par<br />

de chutes ao apreendido, que ele o parou e que o entregaram com os ‘ganchos’<br />

colocados.<br />

Logo em seguida, Talarico mandou dizer por outro policial que queria falar com<br />

ele, porque também o conhecia de antes. No banheiro, lhe disse que ele fez “o<br />

procedimento como corresponde, com o sujeito enganchado [algemado]”. “Estou<br />

cansado de investigar as cagadas que vocês fazem”, disse ter respondido a Talarico<br />

enquanto lhe pedia para ficar esperando no banheiro sem conversar com ninguém.<br />

Também contou que foi ver Resapo que estava isolado em uma sala. Apenas lhe disse<br />

que tinha a bala na câmara por outro fato. “Disse-me isso porque nos conhecemos de<br />

quando ele era cabo e eu inspetor, senão não me diria nada, estava como chocado” 34 . A<br />

esse mesmo policial foi lhe perguntado como “sabia” que era ele o responsável pela<br />

investigação e como tinha sido o diálogo a respeito com os promotores de plantão.<br />

Testemunha policial de investigações (Gabinete de Homicídios): quando<br />

Jiménez e Talarico me contam o que houve, falo com meu chefe e ligamos para<br />

a promotora, a Dra. Giorgio. Ela ordena suspender os depoimentos na comisaría<br />

e ordena que levemos Jimenez à promotoria. Aí paramos de escrever e começou<br />

a escrever a promotoria.<br />

Juiz: como sabe que o senhor era responsável pela instrução?<br />

Testemunha: sim...por ordem e por costume, porque a doutora Giorgio sempre<br />

trabalha conosco.<br />

Advogado de Gómez: as diferentes promotorias enviam diretivas escritas quando<br />

lhes delegam um caso?<br />

Testemunha: há promotorias que sim, aquela promotoria não, eram diretivas<br />

verbais na medida em que aconteciam os fatos.<br />

34 A atitude de Resapo foi também objeto de perguntas, em especial por parte de sua defensora. As<br />

respostas indicavam ele estar “chorando”, “chocado”, “em desespero”.<br />

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