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Baixar - Proppi - UFF

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não aparecia manifesta daquela forma. Além disso, como tenho tentado demonstrar, o<br />

processo de investigação criminal, de produção e interpretação das “provas”, de tomada<br />

de decisões e de construção de uma “verdade judicial” encontrava-se atrelado a valores<br />

morais e interesses que aproximavam as pessoas envolvidas com os agentes judiciais.<br />

A ‘formação judicial’<br />

Ao observar as práticas de promotores, defensores, meritórios, policiais,<br />

advogados e juízes, em processos judiciais específicos, tenho percebido,<br />

predominantemente, a atuação de um tipo de conhecimento, que chamo aqui de ‘saber<br />

judicial’. Percebia este em contraste com o ‘saber jurídico’. Este último poderia ser<br />

caracterizado como produto do conhecimento especializado dos agentes jurídicos e<br />

profissionais, resultado da aplicação de regras de procedimento, normas penais e<br />

doutrinas jurídicas acerca dessas normas, aprendidas em processos de educação formal,<br />

em particular nas Faculdades de Direito. Este saber jurídico pode ser caracterizado<br />

como “dogmático, normativo, formal, codificado” (Kant de Lima, 1983:98).<br />

O ‘saber judicial’, embora atrelado ao ‘saber jurídico’, toda vez que seu contexto<br />

de atuação exigia o respeito a regras de procedimento e normas legais, não se esgotava<br />

nele. Ainda mais, um bom domínio deste último não era nem uma exigência formal dos<br />

agentes do ‘saber judicial’, nem necessariamente fonte de prestígio profissional. Como<br />

demonstrado, embora os agentes judiciais responsáveis formalmente pelos processos<br />

fossem obrigatoriamente formados em direito e tivessem, a partir da reforma processual<br />

penal de 1998, que ter sido aprovados em provas públicas de conteúdo jurídico, nem<br />

todos os agentes judiciais responsáveis na prática pelos passos de um processo tinham<br />

aquela formação, nem tinham cumprido essa exigência formal para sua designação no<br />

cargo.<br />

Os “meninos”, designados em escalas hierárquicas inferiores, tomavam<br />

depoimentos, se entrevistavam com advogados, elaboravam escritos judiciais de<br />

solicitação de “provas”, “perícias, “allanamientos”, “prisões preventivas”, e outros<br />

procedimentos. No caso da UFI, para desenvolver essa tarefa resolviam suas dúvidas ou<br />

dificuldades com Valeria e, em especial, com Sebastián. Chamava-me a atenção na UFI<br />

que Bruno, que era reconhecido por todos como o mais capacitado e formado<br />

população que assiste ao juicio” (2008b:201). Ver também Renoldi, 2007 (em especial Capítulo 2) e<br />

2008a (em especial Capítulo 1).<br />

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