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Baixar - Proppi - UFF

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depoimento do “imputado”, nos casos em que este tinha sido identificado. Estes<br />

supostos “autores” eram obrigados a se apresentar na UFI para serem informados sobre<br />

aquilo que estavam sendo “imputados”. Como veremos, não eram obrigados a depor,<br />

mas, independente disso, esses encontros me permitiram pensar em uma série de<br />

questões, como a diferença entre depor e falar, as estratégias de defesa dos “imputados”<br />

e as representações sobre as mesmas por parte de advogados, defensores públicos e<br />

promotores. As representações sobre categorias como “verdade” e “mentira” fazem<br />

parte dessas representações e, portanto, dos temas deste capítulo.<br />

O quinto capítulo é uma continuidade do anterior. Descreve outro período de<br />

tempo e trabalho conhecido com o “pós-turno”, imediatamente posterior ao “turno”,<br />

descrito no quarto capítulo. Durante o mesmo, eram chamadas para depor na UFI as<br />

eventuais vítimas e testemunhas dos casos em andamento, seja aqueles do “turno”, seja<br />

de outros anteriores. Os depoimentos testemunhais também resultaram em encontros<br />

significativos para observar como são produzidas as versões sobre os casos específicos<br />

e, consequentemente, como e quais dessas versões ganham status de “prova” no<br />

processo judicial. Em um processo de investigação no qual o testemunho oral é o<br />

principal “meio de prova”, a questão da credibilidade produzida pelos agentes<br />

(profissionais e leigos) nas suas interações sobre as versões relatadas tornou-se<br />

fundamental para entender algumas das variáveis que orientam a investigação e<br />

informam a tomada de decisões.<br />

Os últimos três capítulos estão dedicados à análise estendida de dois casos<br />

acompanhados sistematicamente durante o trabalho de campo na UFI. Em ambos os<br />

casos, se fez presente o “bairro” como um ator da investigação criminal. Em cada um<br />

deles, o “bairro” aparece como uma categoria nativa dotada de significados distintos,<br />

mas centrais para entender a trama de relações que deram forma e sustentaram os<br />

processos de produção de “provas” e investigação dos mesmos. Ambos os casos<br />

também evidenciam como o ‘fundo’ – em especial, as representações sobre as pessoas<br />

envolvidas, o tipo de conflito e as moralidades a eles atreladas- influencia no processo<br />

de “convencimento” dos agentes judiciais. Busco mostrar que é esse ‘fundo’ que orienta<br />

o processo de investigação e as decisões tomadas, de modo que a ‘forma’ vira apenas<br />

uma regra a ser moldada para garantir a validade jurídica daquele.<br />

O primeiro caso, relatado no sexto capítulo, trata sobre a acusação dos pais de<br />

um bebê morto em estado de desnutrição. Além da participação do “bairro”, a<br />

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