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Baixar - Proppi - UFF

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Relatório Martinez, DDI Homicídios. “Tenho o agrado de me dirigir ao senhor,<br />

prosseguindo as tarefas investigativas encomendadas em torno da IPP n.608.06,<br />

a fim de colocar para seu conhecimento que, como resultado de novas<br />

averiguações e de tarefas de inteligência encobertas, surge que o imputado<br />

Adrián Márquez teria retornado ao país” 188 .<br />

Depoimento do policial comissionado: “Que realizando tarefas de inteligência de<br />

forma encoberta e da análise da recompilação de dados adquiridos na rua o<br />

comentário generalizado é que o entregador do endereço seria Nobre (...). Que<br />

surge que era habitué das reuniões realizadas na esquina do local do fato, das<br />

quais participava a maioria ou a totalidade das pessoas presas no presente<br />

processo” 189 .<br />

As frases “de tarefas investigativas” ou “de tarefas de inteligência encobertas”<br />

ou “das averiguações realizadas” eram fórmulas conhecidas para os policiais relatarem,<br />

sob um modo genérico e sem aportar detalhes, os mecanismos através dos quais<br />

obtinham as informações. Estes envolviam diversas ações específicas: vigilância de<br />

certos endereços, escutas telefônicas, seguimento de pessoas, fotografias de residências<br />

ou do movimento de seus moradores, averiguação sobre o domínio de carros<br />

estacionados nos arredores de um “ponto sob investigação”. Essas “tarefas” também<br />

incluíam as conversas dos policiais com eventuais informantes, testemunhas ou pessoas<br />

próximas aos envolvidos. Eram os policiais andando pelo bairro aqueles que colhiam<br />

possíveis testemunhos que poderiam, posteriormente, se formalizar em depoimentos na<br />

UFI. Aos policiais lhes era reconhecida também certa competência na atividade de<br />

procura de testemunhas.<br />

188 Tratava-se de um processo por “homicídio em ocasião de roubo”. Um senhor tinha sido encontrado<br />

morto na sua casa, amarrado com fios e esganado. Na casa, faltavam eletrodomésticos. A filha do morto<br />

depôs que no dia anterior tinham estado, na casa, com o pai, um senhor e uma mulher a quem não<br />

conhecia, mas de quem descreveu o aspecto físico. De tal descrição e do depoimento de um remisero que<br />

teria conduzido o casal até a casa da vítima, surgiram como suspeitos Adrián Márquez e sua mulher. O<br />

primeiro era um mecânico da área, que “teria tido um problema com a vítima”, segundo declarou o<br />

remisero.<br />

189 Tratava-se de outro processo por “homicídio”. Em 2004, outro senhor, de 60 anos, tinha sido achado<br />

morto na própria casa com uma faca no olho. A suspeita sobre Nobre nasceu com o depoimento da filha<br />

da vítima, que encontrou o cadáver. Na ata de seu depoimento, disse que “lhe resultou suspeito o senhor<br />

Nobre, quer dizer, seu vizinho de em frente, já que estaria envolvido em um roubo a outro vizinho havia<br />

dois meses atrás”. Outro vizinho depôs que “naquela manhã se cruzou com um sujeito que conhece como<br />

Tolo, que levava um saco de pão e tinha um corte na mão e uma mancha vermelha na camisa. Que tal<br />

situação lhe chamou a atenção já que o aludido Tolo havia três ou quatro dias que tinha saído da prisão e,<br />

ao saber da morte de seu vizinho, o relacionou com o fato”. Em um primeiro momento, Valeria pediu a<br />

detenção de Nobre e Tolo. Tempos depois outorgou a liberdade, enquanto a família de ambos continuava<br />

com os telefones grampeados. Quando eu lia o processo, Valeria me disse que iria sobreseer, pois Tolo<br />

não tinha nada a ver e Nobre podia ter a ver com a entrega da casa, mas não com o homicídio.<br />

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