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Baixar - Proppi - UFF

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eceberam as ligações dos policiais que faziam o policiamento ostensivo na área de<br />

competência da UFI. Durante cada uma das noites de um “turno”, Sebastián, Valeria e<br />

Bruno dividiam o atendimento, transferindo a linha de cada um deles a quem ficasse<br />

responsável. Durante o dia, cada um recebia as ligações no seu celular. Alicia e Diego<br />

também atendiam o telefone fixo ou, eventualmente, os celulares dos promotores. Da<br />

quantidade de ligações recebidas dependia a quantidade de trabalho durante o “turno”.<br />

Naquela noite, as ligações tinham sido escassas; o “turno” “vinha tranqüilo”.<br />

“Aqui é tudo perto, no bairro”<br />

Dando continuidade à conversa, Valeria disse que três ligações tinham sido por<br />

causa de três mortos; uma senhora, um idoso e um menino de um ano. Eram casos que<br />

ingressavam como “averiguación de causales de muerte”, uma figura semelhante no<br />

Brasil a “encontro de cadáver”. Já na UFI os três promotores atenderam ligações<br />

referentes a casos diversos. Naquele primeiro dia fiquei na sala de Valeria, me<br />

acostumando ao espaço a ao ritmo do trabalho.<br />

Um roubo simples. O policial informou sobre dois “apreendidos” 132 . Valeria<br />

pediu que os policiais fizessem um “croqui” do local, extração de sangue dos<br />

“apreendidos”, que tomassem os depoimentos das testemunhas e levassem os<br />

apreendidos à UFI às oito horas do dia seguinte. Outra ligação informou Valeria de um<br />

“apreendido” de 15 anos de idade por um roubo. Ela informou –ou lembrou- ao policial<br />

que menores de 16 anos são “inimputáveis” 133 . De qualquer forma, perguntou o nome<br />

do menino e anotou a idade.<br />

Sebastián entrou na sala e comentou sobre outra situação: um policial tinha<br />

ligado porque um rapaz deixou cair um projétil. “Isso não é crime; no código velho era,<br />

posse de munição de guerra”. Outra ligação por um roubo e, logo depois, outra por<br />

tentativa de roubo. Em seguida, um policial informou que acharam “um bebe morto no<br />

lixo”. Valeria pediu que ligassem de novo quando chegassem os peritos. Horas depois<br />

informaram que era um cachorro. “Devia ser um feto”, me explicou (!?) Valeria.<br />

132 “Apreendido” era a categoria jurídica com a qual se referiam às pessoas presas pela polícia em<br />

flagrante, antes de serem “imputados” judicialmente de qualquer crime (artigos 153 a 156 do CPP-PBA).<br />

133 Na época do trabalho de campo, estava se constituindo o “fuero penal de responsabilidad juvenil”, que<br />

atenderia as pessoas entre 16 e 18 anos. Enquanto isso, as UFIs de maiores recebiam as ligações dos<br />

flagrantes envolvendo menores e posteriormente as derivavam para a justiça de menores que ainda vigia.<br />

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