01.06.2014 Views

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A chegada: os olhares sobre a casa<br />

Do posto de gasolina, os quatro carros se dirigiram para o bairro do endereço<br />

alvo do procedimento. Era um bairro de casas baixas, de alvenaria. Pareciam estar bem<br />

equipadas, os quintais arrumados e muitas delas com carros estacionados nas garagens.<br />

As ruas eram asfaltadas e arvoradas. A uma quadra do local onde estacionou Valeria, se<br />

localizava uma avenida, com vários comércios de diferentes ramos.<br />

Descemos, mas nos mantivemos olhando<br />

desde a esquina da casa. Primeiro entraria a<br />

polícia. Eles iriam “assegurar o local”, me<br />

disse Alicia. Assim que disse isso, senti duas<br />

batidas fortes e altas em uma porta de chapa.<br />

Seguidas de uma voz também alta e forte:<br />

“polí-cia! polí-cia!”. Ninguém respondeu.<br />

Novas batidas, nenhuma resposta. Os policiais forçaram a porta e ingressaram na casa.<br />

Aproveitamos para nos aproximar da porta da casa. Aos poucos minutos, saiu um<br />

policial com a arma na mão. Atrás dele, mais dois policiais se cobrindo o nariz com<br />

uma das mãos. O primeiro em sair avisou Valeria e Alicia que nem os pais, nem as<br />

crianças estavam em casa, “apenas a senhora”. A “senhora” era a avó materna das<br />

crianças. Chamava-se Lar e, segundo contou posteriormente à assistente social, tinha<br />

três irmãs: Vida, Prazer e Germinal. Lar tinha 87 anos e estava prostrada na cama,<br />

afetada com câncer de vulva.<br />

A casa ocupava uma esquina, sendo a entrada lateral. Era uma casa de dois<br />

andares. Da esquina aparentava um comércio fechado. Todas as persianas estavam<br />

baixas e todas as janelas fechadas. Os policiais disseram ter aberto a janela do quarto da<br />

senhora para aerar o mau cheiro. Não só a mão no nariz, mas também a cara dos<br />

policiais ao saírem dava conta da percepção de um fedor muito forte. Seguindo Valeria,<br />

Alicia e o resto da equipe do Ministério Público, ingressei na casa. Talvez porque a<br />

janela do quarto da senhora já estivesse aberta, talvez porque, quando alguém adverte<br />

alguma coisa, eu costumo imaginá-la pior do que “realmente” é, a questão é que não<br />

senti que o fedor fosse tão forte. A luz do interior, com as janelas fechadas, era tênue.<br />

Minha descrição da casa, no meu caderno de campo, mencionaria que, ao<br />

ingressar, a primeira porta lateral, correspondia a um banheiro pequeno. Seguindo o<br />

231

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!