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Baixar - Proppi - UFF

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O menino foi depor em sede judicial em três ocasiões; em todas elas,<br />

acompanhado por sua mãe. Na primeira oportunidade, o depoimento não se<br />

desenvolveu na UFI, mas diante de um psicólogo do Ministério Público, sob um sistema<br />

conhecido como “câmera gessel”. Segundo essa técnica, a testemunha (ou vítima de um<br />

crime) depõe sozinha em uma sala com um psicólogo. A sala é separada de outra por<br />

um vidro que só permite a visualização em direção à sala do depoimento. Daquele outro<br />

lado, a sessão do depoimento é filmada, podendo também ser assistida pelo promotor,<br />

pelo funcionário que trabalhe o processo e/ou pelo defensor. Conforme essa dinâmica,<br />

mais do que um depoimento judicial, o ato adquire a forma de uma entrevista<br />

psicológica, criando – em teoria- um ambiente mais íntimo e menos intimidante. Neste<br />

processo, o relatório do psicólogo destacou que o relato do menino era “coerente e<br />

verossímil”. Durante a entrevista, havia identificado Cacá como autor do “fato”,<br />

dizendo que o conhecia bem do bairro.<br />

Contudo, na segunda ocasião que o menino foi na UFI, ele disse que tinha se<br />

confundido. Como já havia outros indícios que reforçavam a hipótese que recaía em<br />

Cacá, o garoto foi citado mais uma vez pelo promotor. Naquela terceira oportunidade,<br />

mencionou que o jovem que viu “parecia-se muito com um do bairro que o pessoal<br />

chama de Cacá, que é o genro de um vizinho, Sopa”. Também disse que “quem dirigia a<br />

moto tinha um nariz bem grande... e que, após o roubo da moto, voltou a ver Cacá, mas<br />

tinha o cabelo pintado de raios de sol [de loiro]”. O menino também lembrou com<br />

precisão que Cacá tinha um “tênis com molas e um boné com uma caveira”.<br />

O passo seguinte nesta linha de investigação, que se consolidava contra Cacá,<br />

foi citar Sopa, o suposto genro de Cacá, mencionado já em vários depoimentos. Na UFI,<br />

Sopa confirmou que Cacá era seu genro, ou seja, namorado de sua enteada Samanta.<br />

Mencionou que Cacá era um jovem problemático, que já haviam tido problemas porque<br />

em várias ocasiões tinha brigado e maltratado Samanta. Diante das perguntas de<br />

Sebastián sobre o dia do “fato”, Sopa contou que ele estava chegando à sua casa,<br />

quando viu que Cacá chamava Samanta, desde a calçada. Pareceu-lhe que tinham<br />

discutido horas antes. A cena acabou com Sopa discutindo com Cacá e dando um soco<br />

na cara dele. Durante o depoimento, Sopa aportou certa especificidade sobre a hora<br />

desses eventos e outros detalhes, que permitiram Sebastián ajustar a seqüência dos<br />

“fatos”. Confiava, assim, na versão aportada por Sopa, que fornecia horários certos de<br />

trabalho, de chegada à casa, entre outras precisões. O depoimento de Sopa, ao confirmar<br />

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