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Baixar - Proppi - UFF

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“O Escroto”. Valeria elogiou Patrícia por se lembrar tão bem, pois “geralmente ninguém<br />

lembra e você é muito forte”. “A psicóloga está me ajudando e hoje eu fui para poder<br />

vir aqui bem”. A mãe interveio na conversa, pedindo que “os juízes sejam iluminados<br />

para que [Esteban e Pedro] não ficassem livres”.<br />

Mais tarde, entrou na sala o advogado do policial Sánchez, imputado do<br />

“homicídio” de Juan Ojeda, o caso que originalmente tinha me levado até a UFI. O<br />

advogado acompanhava um vizinho do bairro onde aconteceu o fato. Desde sua posição<br />

de defesa, ele tinha solicitado que depusesse como testemunha. Valeria tinha aceito. O<br />

advogado iniciou o depoimento, colocando as perguntas através de Valeria. Chegado<br />

um momento do depoimento, Valeria começou a fazer suas próprias perguntas.<br />

Valeria: o senhor disse que conhecia o jovem morto do bairro.<br />

Vizinho: sim, desde pequeno.<br />

Valeria: e soube do ocorrido na hora?<br />

Vizinho: não, às 20h30.<br />

Valeria: e como soube?<br />

Vizinho: pelos vizinhos.<br />

Valeria: mora perto?<br />

Vizinho: sim, há 5 quadras.<br />

Valeria: e lhe chamou a atenção o falecimento?<br />

Vizinho: sim.<br />

Valeria: por que lhe surpreendeu a morte nessas circunstâncias?<br />

Vizinho: porque é um menino que estudava e fazia alguns bicos no bairro, não<br />

andava em nada.<br />

Valeria: não tinha referências ruins dele e então lhe surpreendeu que morresse<br />

em mãos de um policial? Não sei como escrever isso!<br />

Vizinho: sim, isso, que estivesse envolvido em alguma coisa assim.<br />

Valeria: em “alguma coisa assim”? Em um roubo ou em um fato policial?<br />

Vizinho: em um fato policial, porque um roubo sei não....<br />

O depoimento continuou. Quando o vizinho e o advogado foram embora,<br />

Valeria me disse que qualquer resposta –roubo ou fato policial- estava bem para ela.<br />

“Quando quero chegar à verdade é uma coisa, mas aqui eu estou convencida de que foi<br />

morto [sem estar roubando] porque eu fui ao local, vi o corpo e sei como foi”. Logo<br />

depois, perguntou para mim o que tinha achado da testemunha e, antes que eu<br />

respondesse, expressou sua própria opinião: “eu não tenho porque acreditar nele”.<br />

Já era o horário do almoço quando entrou Marconi, na sala de Valeria e Alicia.<br />

Marconi era um policial lotado na Divisão de Homicídios, com base em Los<br />

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