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Baixar - Proppi - UFF

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ealizadas com expressa autorização do “juiz de garantias” e quem solicitava tais<br />

medidas ao juiz era o promotor, e não a polícia, a presença de Marconi e Martínez na<br />

UFI era recorrente.<br />

Naquele dia, Marconi apareceu na UFI desalinhado e com a barba crescida de<br />

vários dias. Diante dos olhos surpresos de Valeria e Alicia, disse que havia uma semana<br />

que estava “fazendo vigilância em uma villa [favela]”. Precisava passar despercebido.<br />

Naquela ocasião, tinha ido à UFI com o fim de solicitar um ofício para que todas as<br />

polícias do país procurassem Diego Focucci nas suas respectivas áreas de competência.<br />

Na hora, Alicia preparou o ofício e o fez assinar por Sebastián. Enquanto Alicia<br />

preparava o documento, Marconi conversava com Valeria.<br />

Marconi: eu acho que pode estar em Mendoza [uma província ao sudoeste<br />

argentino], porque ele tem familiares lá. A gente achou que a voz que aparecia<br />

nas escutas [telefônicas] era dele, mas não era.<br />

Valeria: ontem saiu no jornal um novo protesto diante da comisaria.<br />

Marconi: sim, doutora, esse tema dos protestos nos prejudica, porque é lógico<br />

que, se Focucci ver tanta confusão, ele não vai voltar. O pai de David [a vítima<br />

do homicídio] é uma bomba de tempo, eu converso sempre com ele, porque<br />

passa todos os dias pela porta da casa dos Focucci.<br />

Valeria: você que sabe como falar com ele, tem que dizer para o pai essa questão<br />

dos protestos que está me dizendo.<br />

Marconi: pois é, o que me dá vontade mesmo é de pegar o pai do Diego, levar<br />

ele para a Base e lhe perguntar onde é que está o filho, mas não é possível.<br />

Valeria: é, não é possível, o bom de você é que sabe o que é que pode e o que é<br />

que não pode, né, Marconi? Até porque dessa forma cairia tudo o que você já<br />

fez.<br />

Intrigada com a conversa, procurei saber do que tratava o caso. Como Marconi<br />

tinha acabado de deixar o processo, pois levavam os processos até a Base, Alicia me<br />

propôs lê-lo para entender melhor como era a situação. O caso era de agosto daquele<br />

ano (2007). Era um dos sete homicídios do “turno” anterior a minha chegada. Diego<br />

Focucci e David Blomer estavam em uma festa de aniversário, com vários amigos em<br />

comum, no bairro onde todos eles moravam. Os depoimentos registrados relatavam a<br />

vivência daquela noite.<br />

Depoimento de Mario, amigo de ambos e assistente à festa: “(...) Que estava em<br />

uma festa de aniversário quando a música pára porque dizem que o Cabeça<br />

estava zangado porque estavam zoando dele. Que diante do exposto o depoente<br />

sai para se interar do que estava acontecendo e observa que há uma quadra<br />

encontrava-se o Cabeça bem zangado; razão pela qual o depoente tenta animá-lo<br />

e lhe pergunta o que é que lhe acontece. Este lhe responde textualmente ‘estou<br />

cansado de que esses babacas me sacaneem, eu não sacaneio ninguém’ (sic).<br />

Que nesse instante apresenta-se a vítima de autos, David Blomer, dizendo<br />

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