01.06.2014 Views

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

também na produção policial das informações escritas. Chamou minha atenção, tanto na<br />

leitura do processo judicial, quanto nos depoimentos orais durante o juicio oral, que os<br />

policiais tenham se referido ao momento de assunção da investigação por parte da<br />

Divisão de Investigações (e não mais do próprio pessoal da comisaría) com frases<br />

semelhantes a esta expressa pelo sub-chefe: “quando chegou a DDI, eles se fizeram<br />

responsáveis de tudo, lhe disseram a Gómez que parasse e eles começaram a escrever”<br />

(Do processo judicial). Igualmente, quando chegou a DDI, as atas anteriores –ou seja,<br />

os registros escritos anteriores- foram rasgadas.<br />

Foi a partir dessa mudança de comando na investigação do caso, já com a<br />

presença de pessoal da promotoria, que outras versões sobre os fatos começaram a<br />

circular. Talarico teria chamado à parte o chefe da DDI, segundo este último manifestou<br />

no juicio, porque o conhecia pessoalmente da intervenção em outro “fato”. “Eu fiz o<br />

procedimento como corresponde”, disse Talarico para o chefe. Isto queria dizer que ele<br />

tinha algemado e revistado Dario, confirmando que o jovem não tinha arma nenhuma e<br />

que tinha entrado na viatura com as mãos algemadas. Explicou que lhe tinha sido<br />

solicitado dizer –depor- que isso não tinha sido assim e, “por medo”, “por se sentir<br />

intimidado”, assim o fez.<br />

“Estavam todos loucos. Ligavam pelo telefone uns aos outros. Era um calvário.<br />

Eu fiquei deambulando de sala em sala e me diziam aquilo que devia dizer, que<br />

o malandro estava sem algemas. (...) O panorama lá dentro [na comisaría] era<br />

escuro, feio. Eu sentia que alguma coisa ruim estava acontecendo”, disse<br />

Talarico durante o juicio.<br />

Também contou, tal como tinha contado horas depois dos “fatos”, que decidiu<br />

alterar seu depoimento e “contar a verdade”. Essa alteração da versão inicial deu uma<br />

reviravolta na investigação: outros depoimentos foram também alterados –Sánchez e<br />

Reasapo-; foi revistado o carro onde estava a arma –perro- confirmando que não estava<br />

nem sequer manchada com sangue; foi dada intervenção a Corregedoria (Asuntos<br />

Internos); foram tomados os depoimentos na promotoria e, principalmente, Sánchez,<br />

Gómez, o comisario, o subcomisario e o chefe de plantão passaram da condição de<br />

testemunhas a “imputados”.<br />

Segundo a argumentação de Luis Real durante o juicio, a cadeia de cumplicidade<br />

e encobrimento era maior. “Podem ser mais dos que estão, mas destes que aí estão não<br />

sobra nenhum”, afirmou várias vezes durante as audiências. “Apriete”, “quiebre”,<br />

“meter um perro”, “fazer depor”, “parada de livros”, eram as categorias policiais que<br />

37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!